Estudo desmascara retoques a famosos e conclui que Photoshop faz mal à saúde

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Há inúmeras denúncias de fotos de famosos alteradas com Photoshop

Investigadores descobriram oito critérios, apoiados num modelo matemático, que permitem desmascarar quem recorreu a retoques para disfarçar, por exemplo, rugas, papos ou olheiras. No artigo publicado no Proceedings of National Academy of Science (PNAS) concluem ainda que estas técnicas têm um efeito muito negativo na saúde pública.

“Nos últimos anos, publicitários e editores de revistas têm sido fortemente criticados por levarem os retoques nas imagens digitais ao extremo. As imagens de modelos impossivelmente magros, altos e completamente livres de rugas ou manchas são rotineiramente impressas em cartazes, anúncios e capas de revistas”. A introdução é de Hany Farid, o autor principal do artigo publicado esta semana na revista científica Proceedings of National Academy of Science (PNAS), que conseguiu encontrar um método para desmascarar as imagens retocadas e que alerta ainda para o facto destas “imagens irrealistas e altamente idealizadas estarem associadas a desordens alimentares e insatisfação com a imagem do corpo de homens, mulheres e crianças”.

Hany Farid e Eric Kee, de Dartmouth College, em New Hampshire, são os autores do polémico estudo que está a dar que falar em todo o mundo. Os especialistas em computação conseguiram chegar até a um modelo matemático que permite identificar as fotos que foram retocadas e apontam para vários exemplos de celebridades, como Angelina Jolie ou George Clooney, entre muitos outros. No artigo que publicaram, estes investigadores mostram imagens do “antes” e “depois” do Photoshop que permitem identificar claramente as linhas, manchas, papos, “pneus”, gorduras e outros traços que foram simplesmente eliminados das fotografias.

Para chegar até aqui, Hany Farid e Eric Kee analisaram 468 conjuntos de fotografias sem edição (naturais) e retocadas. De acordo com o sistema desenvolvido pela dupla de investigadores as imagens são classificadas de acordo com a modificação que foi realizada na imagem original. Esta “nota” é atribuída tendo em conta os retoques que tornam braços, pernas mais magros e também as alterações no tom de pele e na remoção de rugas, manchas e celulite. O modelo matemático com oito “marcadores” das modificações possíveis resultou num programa informático que detecta as alterações e é capaz de reverter as imagens para o seu estado “original”.

Há já algum tempo que a questão dos retoques de Photoshop tem sido discutida ouvindo-se muitas vozes que defendem que estas imagens trabalhadas, quando publicadas, devem ser denunciadas pelos editores. Ou seja, as imagens que sofrem estes drásticos arranjos de Photoshop deviam ser publicadas com uma “marca” que os leitores identificavam de imediato. Hany Farid e Eric Kee estão deste Aldo da discussão e mais que a proibição da publicação desta imagens sugerem antes que seja atribuída a nota (de um a cinco) que define o grau da alteração feita.

“Se esta classificação for publicada com a fotografia, os consumidores são informados sobre o quanto esta imagem se distanciou da realidade”, argumenta Hany Farid. O investigador considera legítimas as razões que levam os editores a alterar imagens até à perfeição para “criar fantasias e vender produtos”. No entanto, avisa: “foram longe de mais. Não podem ignorar todos a informação que demonstra as consequências negativas da exposição a estas imagens”.

Em Junho deste ano, a Associação Médica Americana também tinha lançado o alerta dirigidos para as normas na indústria para a edição de imagens: “temos de parar de expor crianças impressionáveis e adolescentes a publicidade com modelos com tipos de corpo que só são possíveis com a ajuda de software de edição de imagem”.

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