Ls Quatro Eibangeilhos em mirandês por Amadeu Ferreira

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Esta é uma edição da Sociedade Bíblica Portuguesa Pedro Cunha/arquivo

"Cun esta traduçon cuido que la lhéngua mirandesa queda mais rica, la bibliografie de la Bíblia ye acrecentada cun mais ua lhéngua i la cultura pertuesa tamien ganha algo na sue riqueza i diversidade." Escrito assim, pode parecer erro. Mas não é.

Traduza-se, então, do mirandês para o português: "Com esta tradução, penso que a língua mirandesa fica mais rica, a bibliografia da Bíblia é acrescentada com mais uma língua e a cultura portuguesa também ganha algo na sua riqueza e diversidade."

A opinião é de Amadeu Ferreira, investigador e escritor da língua mirandesa, que hoje mesmo apresenta em Lisboa a sua tradução, em mirandês, dos quatro evangelhos. Que é como quem diz, Ls Quatro Eibangeilhos, uma edição da Sociedade Bíblica Portuguesa. A sessão decorre na Livraria Ferin (R. Nova do Almada, 70), a partir das 16h30.

Já há vários anos que Amadeu Ferreira andava de volta de textos da Bíblia - e quer ver se traduz todo o Novo Testamento e livros como os Salmos ou o Eclesiastes, do Antigo Testamento (o Cântico dos Cânticos já está). "São textos culturalmente relevantes, dos fundamentos da nossa civilização", explica ao PÚBLICO.

Amadeu Ferreira optou por traduzir a partir da Vulgata latina. "O que devia ser era a partir do grego. Mas a Vulgata tem uma história e um significado cultural grande, foi quase a tradução oficial da Igreja Católica". Apesar da matriz, a tradução, que começou a ser preparada há 10 anos, foi depois cotejada duas vezes com outras edições -32 incluindo a da Difusora Bíblica, a mais divulgada em Portugal, e a versão de João Ferreira d"Almeida, o primeiro tradutor da Bíblia integral para português, muito usada pelos protestantes.

"O mirandês vem do latim, fazia sentido que fosse a partir do latim", justifica ainda Amadeu Ferreira, que já traduziu para mirandês obras como Os Lusíadas, a Mensagem e histórias de Astérix.

O novo bispo de Bragança-Miranda, D. José Cordeiro, que falou em mirandês logo após a sua posse, na sua primeira visita a Miranda do Douro, diz que o alcance desta edição ultrapassa as terras mirandesas: "É mais uma das línguas em que textos da Bíblia ficam disponíveis e é importante para o país, também porque o mirandês é a segunda língua nacional."

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