Cirurgia pioneira em Portugal realizada a doentes com hipertensão resistente

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A alternativa tem pouco mais de um ano e consiste numa “técnica de desenervação renal por ablação” Foto: António Borges/arquivo

O Hospital de Santa Cruz estreou ontem uma cirurgia pioneira em Portugal num grupo de doentes com hipertensão resistente aos medicamentos. O procedimento permitirá que os doentes controlem melhor a tensão arterial e reduzirá também o risco de trombose e enfarte.

Trata-se de um tratamento “relativamente recente” que se realiza apenas em alguns centros europeus, sendo pioneiro em Portugal e na Península Ibérica, e está reservado aos doentes que não conseguem baixar os níveis da tensão arterial, mesmo quando tomam seis a oito comprimidos diários, como explicou o cardiologista Manuel Almeida.

Este responsável da unidade de intervenção cardiovascular do Hospital de Santa Cruz (Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental) adiantou que para estes doentes que não conseguem controlar a hipertensão com medicamentos não existia, até agora, uma forma de controlar os níveis, vivendo por isso com “elevado risco de problemas cardiovasculares”, como trombose e enfarte. A alternativa tem pouco mais de um ano e consiste numa “técnica de desenervação renal por ablação”.

Para concretizar a intervenção, os profissionais de saúde têm de ter acesso a uma artéria do rim – o que fazem através da virilha – cuja actividade é reduzida, conduzindo à redução da tensão arterial. Dentro do tipo, este é um procedimento “minimamente invasivo” que necessita, contudo, de equipamento e salas especiais, além de material que, para já e devido à falta de concorrência, ainda é bastante caro, disse.

Manuel Almeida considera, no entanto, que a intervenção pode conduzir a poupanças, além dos ganhos em saúde e qualidade de vida dos doentes. “Esta é uma técnica que, para já, custa cerca de 4000 euros. Um doente gasta, em média e anualmente, mil euros em medicamentos para baixar a tensão arterial. Em quatro anos o investimento foi reposto”, disse.

Manuel Almeida ressalva que este “não é um tratamento curativo”, pois os doentes não deixam de ser hipertensos, mas permitem um controlo que, de outra forma, não conseguiriam. Menos de 24 horas após a intervenção, o doentes “estão bem”, segundo o cardiologista que revelou que a selecção dos próximos pacientes vai prosseguir, a qual passará pelos “casos mais graves e com maior risco para os doentes”. Em Portugal, cerca de quatro em cada dez portugueses adultos são hipertensos.

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