Os 10 trabalhos de Domingos e a fé inabalável para a final

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Anfield não resistiu ao poder de Domingos. E Dublin? dr

O sonho parece continuar e Domingos a não querer deixar cair a es- perança. Vencer em Dublin, essa cidade feita fantasma no cortejo fúnebre de Leopold Bloom, personagem assombrosa do Ulisses de James Joyce, parece quase uma certeza. "Acreditamos que é possível vencer", disse o treinador do Sp. Braga. Acreditar é uma questão de fé e Deus tem estado do lado dos bracarenses nesta odisseia europeia.

Por isso, se Deus quer, Domingos continua a sonhar e a ver a obra nas- cer. O Sp. Braga chegou ao topo. Ultrapassou gigantes europeus para ganhar um lugar na capital irlandesa. O Celtic, vetusto campeão europeu (1967), foi o primeiro a experimentar o poder dos bracarenses na terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões (3-0 e 1-2). Depois, o bicampeão da UEFA (2006 e 2007), equipa feita forte recentemente na Andaluzia: o Sevilha ficava de fora da Champions com um duplo desaire: em Braga (1-0) e no Sánchez Pizjuán (4-3). Pouco para tanto Sp. Braga.

Na fase de grupos da prova milionária, o terceiro lugar (com três vitó- rias e três derrotas) entre Arsenal, Shakhtar e Partizan bastou para conseguir entrar na Liga Europa. "Os jogadores ficam mais motivados quando defrontamos grandes equipas, como o Liverpool, o Dínamo de Kiev, ou mesmo o campeão polaco, o Lech", referiu ontem o técnico dos bracarenses em entrevista ao site da UEFA. Domingos referia-se ao percurso imaculado na Liga Europa.

Eliminou o Lech nos 16 avos-de-final, depois o Liverpool de Steve Gerrard e o Dínamo de Shevchenko. Na meia-final, foi o Benfica de Jesus a não resistir (o 0-1 em Braga serviu para anular o desaire por 2-1 na Luz).

"Considero que o esforço destes jogadores e a capacidade de trabalho que mostraram todos os dias estão a reflectir-se nestes resultados", analisa agora o antigo avançado do FC Porto, única equipa que conheceu em Portugal enquanto jogador. Lá fora só experimentou o Tenerife, 50 jogos em duas épocas que interromperam uma década nas Antas (1987-1997). Voltaria ao Porto em 1999 para mais dois anos e nove golos, que somou aos 97 que marcaram toda uma época na primeira passagem pelos "dragões".

É essa equipa que Domingos vai agora enfrentar. O "seu" FC Porto. Se- rá o seu décimo trabalho, depois de ter passado nove equipas para aqui chegar. "O FC Porto tem sempre equi- pas fortes e poderia estar a fazer uma boa época na Liga dos Campeões. Tem um plantel para a Liga dos Campeões. Da forma como decorreu a época, é natural que o FC Porto seja o grande favorito numa final, mas tudo se decide apenas num jogo." É aqui que reside a força do Sp. Braga. Tirar forças aos fortes.

Como o fez com o Benfica, favorito nas meias-finais. "Era o que precisávamos naquele momento", disse sobre o golo de Custódio na segunda mão. "Deu confiança à equipa. O primeiro golo alterou tudo, afectou uma equipa e motivou a outra. O golo deu-nos confiança."

As armas são outras, por isso para Dublin convocou todo o plantel. É também o seu último jogo no clube - já o anunciou, sem admitir a passadeira verde para Alvalade - e quis despedir-se com uma recompensa aos jogadores. Premiou o grupo de trabalho e vai levar à capital irlandesa todos os jogadores, incluindo atletas lesionados e outros que nem sequer estão inscritos na UEFA. Chamou os quatro guarda-redes e ainda cinco jogadores que jogaram regularmente no Vizela, clube-satélite dos bracarenses, mas que muitas vezes foram chamados para completar o grupo.

O FC Porto também partiu ontem para Dublin. E Villas-Boas, que em miúdo tinha como ídolo o camisola 9 dos "azuis-e-brancos" (Domingos), vai levar o recuperado João Moutinho, mas também Hulk, Helton e Fernando, que estão de regresso, depois da poupança na viagem à Madeira.

Notícia corrigida às 16h30. O Sp. Braga venceu os dois jogos com o Sevilha
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