Braga liderou em 2009 a lista dos distritos com mais falências

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O têxtil e o vestuário foram os sectores mais afectados Paulo Ricca

Durante o ano de 2009 houve uma média de 12 empresas por dia que, em tribunal, apresentavam um plano de insolvência ou viam a sua falência decretada. E uma delas fazia-o em Braga, o distrito que, segundo a Coface, a empresa que monitoriza as acções e decisões de insolvência das empresas, de acordo com os anúncios que são publicados em Diário da República, foi aquele onde houve maior taxa de incidência de falências em todo o país. Quase duas, em cada cem das que existem, já que a taxa de incidência de acções de insolvência foi de 1,8 por cento - muito acima da média nacional, que se ficou pelo 0,8 por cento.

A crise económica trouxe problemas a 365 empresas de Braga, e a 4450 empresas de todo o país. A Coface apurou um aumento de 49 por cento nas empresas que viram o fim da sua actividade declarada em Portugal, e voltou a apontar os sectores do têxtil e do vestuário. "Nada que supreenda. Porque se trata de um sector que ainda não se conseguiu reorganizar e onde subsistem muitas empresas que não alteraram a sua estratégia para modelos de negócio assentes em criação de valor", analisa o presidente do Instituto Superior de Economia e Gestão, João Duque. O que surpreendeu este professor universitário, no estudo da Coface, foi que apenas o sector do têxtil e do vestuário é que aparece pintado a vermelho por ter havido um maior numero de insolvências e falências declaradas do que novas constituições de empresas.

Construção também sob fogo

A dinâmica empresarial que decreta o desaparecimento de sociedades, ao mesmo tempo que assiste ao nascimento de novas estruturas também sofreu um forte travão no ano de 2009. Foram constituídas, em todo o país, 30.412 empresas em 2009, menos 4562 do que as que nasceram em 2008. Uma desproporção elevada que, na opinião de muitos economistas, revela que o aumento de falências não é só uma consequência da crise que se agudizou a partir de 2008, mas sim um problema estrutural ditado pela pulverização das empresas e pela dependência de mercados internacionais. Estes, por causa da crise, diminuíram as encomendas.

A par do caso das empresas do sector têxtil e do vestuário, também o sector da construção foi fortemente abalado durante o ano de 2009, consequência das dificuldades de acesso ao crédito para muitas famílias que pretendiam mudar de casa, e a quebra continuada na construção de edifícios. "Só no distrito do Porto estamos a falar de 90 empresas que entraram em processo de insolvência no sector da construção civil. E algumas delas foram empresas muito relevantes, que chegaram a empregar mais de 900 trabalhadores", afiançou o presidente do Sindicato da Construção, Albano Ribeiro.

João Duque acredita que todos estes números ainda vão piorar durante o primeiro semestre de 2010. E que só mais próximo do fim deste ano é que se começará a desenhar a curva que inverte esta tendência negativa.

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