Paulo Henriques: ministra quer um "gestor para o MNAA"

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Paulo Henriques lamenta a falta de "cortesia profissional" da tutela Pedro Elias

Paulo Henriques, director do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) nos últimos dois anos e que ontem soube ter sido afastado do cargo, disse hoje ao PÚBLICO que o Ministério da Cultura procura "um gestor para o MNAA" e lamenta a ausência de "cortesia profissional" por parte da tutela que lhe apresentou ontem, às 10h, uma decisão final sobre o seu futuro. Paulo Henriques deve agora voltar ao Museu do Azulejo e diz apenas que nutre grande "respeito" pelo seu provável sucessor, António Pimentel.

Ontem, às 10h, Paulo Henriques reuniu-se pela primeira vez com Gabriela Canavilhas enquanto ministra da Cultura. "Foi-me dada uma decisão tomada" e final que determinava o fim da sua comissão de serviço, a oito meses do término da mesma. "O principal critério" apresentado, explicou ao PÚBLICO, era o desejo "de um gestor para o MNAA", além de alguém com "formação científica na área do museu". Mas o ainda director do museu (até à nomeação oficial do seu sucessor, que é hoje apresentado pela tutela) frisa que, em termos de gestão, dirige "museus desde 1992".

Questionado pelo PÚBLICO sobre a existência de comunicação prévia com o Ministério ou com o Instituto dos Museus e da Conservação sobre a sua prestação ao longo dos últimos anos, Paulo Henriques frisou: "Não houve, durante a minha direcção, qualquer litígio com as minhas tutelas".

Quanto ao seu futuro, Paulo Henriques continua a ser funcionário dos quadros do Museu do Azulejo e diz ser lá que deseja ficar.

O cargo do director do MNAA é o único no âmbito dos museus estatais portugueses que depende de nomeação e não de concurso. Hoje à tarde, o Ministério da Cultura apresenta o Plano Estratégico para os Museus do Século XXI, que refere nos seus pressupostos a "definição de práticas de gestão para os serviços centrais e dependentes", visando ganhos de "eficácia" e "racionalidade".

Hoje, a revista L+Arte avançou que António Pimentel, director do Museu Grão Vasco desde Setembro, será o sucessor de Paulo Henriques. "É pessoa por quem tenho muito respeito", disse apenas Paulo Henriques, não querendo comentar se o seu perfil se adequará às exigências na área da gestão que o Ministério da Cultura procura.

Paulo Henriques, 52 anos, chegou ao MNAA depois de uma década à frente do Museu Nacional do Azulejo. Formado em História da Arte e membro da direcção da galeria Loja do Desenho, espaço que nas décadas de 1980 e 1990 contribuiu para autonomização desta disciplina em Portugal, esteve ainda à frente do Museu José Malhoa, nas Caldas da Rainha, entre 1992 e 1998.

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