Two Dancers

Foto

O ano passado, quando se estrearam com "Limbo, Panto", os ingleses Wild Beasts expunham uma sonoridade rock barroca arrebatada, sublinhada pelo falsete do vocalista Hayden Thorpe. Um ano depois não se pode dizer que tenham mudado radicalmente, mas há transformações, e para muito melhor.

Vocalmente há modificações: os meneios vocais de Thorpe são menos teatrais e, em alguns temas, é mesmo o baixista Tom Fleming quem assume a liderança vocal. Sonicamente também estão diferentes. As canções perderam o rímel do primeiro disco, apresentando-se mais fluidas, organizadas e directas. E o resultado é um dos álbuns mais consistentes deste final de ano no campo pop-rock. As guitarras têm algo de Talking Heads e Orange Juice, o balanço rítmico evoca o funk que também era rock do pós-punk e a voz de Thorpe tem qualquer coisa de Billy Mackenzie dos Associates. Mas mesmo colando todos estes pedaços nunca acederemos inteiramente a canções como "Hooting & howling", "All the king's men", "This is our lot" ou "Two dancers II". Há qualquer coisa de ambíguo, de não resolvido por aqui, talvez uma combinação improvável de alteza e vulnerabilidade, que transforma a audição de "Two Dancers" numa fascinante descoberta.

Sugerir correcção
Comentar