Gangue das picaretas: penas efectivas de 12, 7 e 6 anos para três dos arguidos

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A sentença foi hoje lida no Tribunal de Guimarães Nélson Garrido

O Tribunal de Guimarães condenou hoje a penas de 12, sete anos e meio e seis anos de prisão efectiva três dos sete arguidos do chamado gangue das picaretas.

O colectivo de juízes condenou, em cúmulo jurídico, quatro outros arguidos a penas suspensas de, cinco, quatro anos e seis meses (dois deles) e a uma multa de mil euros.

O Tribunal deu como provados metade dos crimes de que os arguidos estavam acusados, nomeadamente os de associação criminosa, assalto qualificado, roubo qualificado na forma tentada, roubo simples e posse ilegal de arma.

No final da leitura do acórdão, o advogado de defesa Pedro Carvalho considerou a sentença "justa e ponderada", sublinhando a sua qualidade técnica e o facto dos juízes não se terem deixado influenciar pela pressão da opinião pública e da comunicação social.

Acrescentou que iria analisar o seu teor, para decidir se vai ou não recorrer.

O delegado do Procurador-geral da República, Almeida Ferreira, mostrou-se satisfeito com a decisão, por ter sido feita justiça, nomeadamente a condenação dos arguidos por associação criminosa.

O "gangue das picaretas", que actuava através de emboscada e recurso a armas de fogo, picaretas e carros de alta cilindrada, terá assaltado diversas carrinhas de valores em 2006 e 2007, tendo sido subtraídas várias centenas de milhares de euros.

Segundo a acusação, o alegado líder do grupo, de nome Alberto, 27 anos, identifica-se como vendedor de peças automóveis, sendo dono de uma sucata em Felgueiras.

O último dos crimes que lhe são imputados ocorreu a 4 Junho de 2007, no Itinerário Principal nº 4 (IP4), na ligação de Amarante a Vila Real, quase a chegar a Mesão Frio, tendo os arguidos, que aí utilizaram três carros (BMW, Audi A4 e Volkswagen Polo), organizado uma emboscada a uma carrinha da Esegur.

A sentença refere que eram 6h20 horas da manhã, e tinha sido tudo planeado ao milímetro, com os carros a virem de diferentes sentidos, tendo em vista encurralar a viatura, que transportava 558 mil euros em notas.

Com a carrinha já imobilizada em virtude de intercepção levada a cabo pelos três veículos, o grupo desatou a disparar e a fazer uso de picaretas e marretas para partir os vidros à prova de bala e intimidar os dois tripulantes.

Estes, porém, conseguiram accionar o sistema de pânico e bloquear a viatura. Não se livraram, porém, de ficar feridos, após a violenta agressão de que foram alvo.

Um deles chegou a ficar inconsciente, após ter levado na cabeça uma coronhada de caçadeira. Frustrado o assalto, o grupo abandonou o local no BMW.

Um outro assalto, e que terá estado na origem do processo, ocorreu no dia 10 de Dezembro de 2006, no Centro Comercial Guimarães Shopping, tendo sido constrangidos os seguranças da viatura blindada de transportes de valores da ESEGUR, por quatro homens armados e encapuzados, a entregarem várias dezenas de milhares de euros.

Para efectuarem o roubo os assaltantes utilizaram uma viatura BMW X5 que havia sido anteriormente furtada pelo método de "carjacking".

Seis dos sete indivíduos, que foram maioritariamente capturados em 14 de Junho de 2007, encontravam-se presos preventivamente - dois deles foram agora libertados e um terceiro permanece preso por causa de outro processo.

Foram julgados pela autoria de 14 assaltos, envolvendo 58 crimes.

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