Roman Polanski não acredita na imparcialidade do tribunal de Los Angeles

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O realizador de "O Pianista" está impedido de entrar nos EUA há 30 anos Miguel Silva

O realizador Roman Polaski não acredita na imparcialidade do tribunal de Los Angeles que o condenou, há três décadas, pela violação de uma rapariga de 13 anos. A condenação pelo crime que remonta a 1977, confessado pelo realizador na altura, levou-o a fugir para França, onde reside desde então.

Os advogados do realizador de 75 anos depositaram na segunda-feira uma petição para que o caso seja encaminhado para o Conselho Judicial da Califórnia. A defesa pede que “seja seleccionado um responsável judicial imparcial, fora do condado de Los Angeles”.

Esta iniciativa dá-se um mês após a entrega de uma moção por parte da defesa de Polanski ao arquivamento total do processo sob pretexto de que existem “novas evidências extraordinárias” de erro de conduta judicial e por parte do Ministério Público.

As provas referidas pela defesa foram reunidas num documentário sobre a vida do realizador, onde se revela, segundo a defesa, “um conjunto de comportamentos duvidosos e de comunicações entre o tribunal e o gabinete do Procurador de Justiça”. Para a defesa, estes factos são ilegais e eram, até à data da realização do documentário, ignoradas quer por Polanski quer pelos seus advogados.

O documentário em questão – "Roman Polanski: Wanted and desired" -, realizado por Marina Zenovich, reúne os testemunhos das pessoas que estiveram envolvidas no caso. Entre eles está a própria vítima, Samantha Geimer, que aos 13 anos, acusou o realizador de assédio sexual durante uma sessão fotográfica encomendada a Polanski pela revista francesa "Vogue", em 1977.

Desacordo sobre os factos

O realizador, que preferiu não dar a sua versão dos factos no documentário, confessou na altura a autoria do crime. Depois de ter sido preso durante 42 dias em Los Angeles, Polanski chegou a acordo com o juiz Rittenband para que não fossem deduzidas as acusações. Em troca o realizador dava-se como culpado. Saído da prisão, decidiu fugir para França, onde reside até hoje, por medo que o juiz não cumprisse a sua palavra.


A versão da defesa sobre este episódio é diferente. Os advogados do realizador afirmam ter sido contactados pelo juiz que lhes revelou que, por pressão da opinião pública iria aumentar a pena de Polanski em 50 anos. Mas dava-lhe uma alternativa à prisão: a fuga para o exterior dos EUA. Em troca, os advogados seriam submissos a Rittenband durante o julgamento, que apareceria aos olhos da opinião pública como um juiz implacável. Esta é a versão contada pelos advogados e já não há outra: o juiz Rittenband morreu em 1993.

O processo judicial sobre Roman Polanski em Los Angeles nunca foi anulado e, por estar ainda sob mandado de captura, o realizador não pode entrar nos Estados Unidos sem que seja preso. E nem mesmo para receber o Óscar de Melhor Realizador pelo filme “O Pianista”, em 2002, Polanski voltou.

Filho de judeus polacos, a vida de Polanski é repleta de glórias e tragédias: sobreviveu às campanhas nazis na Polónia, viu o pai ser levado para um campo de trabalho e a mãe, deportada para Auschwitz, morreu numa câmara de gás. Nos anos 60, a mulher, grávida de oito meses é assassinada pelo culto de Charles Manson, nos EUA.

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