Rui Rio critica insistência do Governo em obras públicas em tempo de crise

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Para Rio, numa altura de escassez de crédito, este "deveria ser canalizado para a economia e pequenas e médias empresas" Manuel Roberto (arquivo)

Rui Rio criticou hoje que o Governo continue a apostar em grandes obras públicas no país, considerando que o Executivo de José Sócrates insiste num caminho errado, que irá endividar o Estado e “secar o crédito”.

"Como é que o país pode acender uma luz ao fundo do túnel, quando o que nos dizem é mais do mesmo?", questionou o vice-presidente do PSD, numa reacção à entrevista de hoje do primeiro-ministro à TSF e ao “Diário de Notícias”.

Na entrevista, José Sócrates defendeu que no actual contexto da crise financeira mundial "há mais razões económicas" para que todas as obras públicas de modernização das infra-estruturas "se façam", uma vez que "não servirão apenas para melhorar a competitividade do país". "No curto prazo, [os investimentos nas obras públicas] servirão para garantir que mais gente tenha emprego e que as empresas tenham condições para se afirmar na economia", defendeu o chefe de Governo.

Para Rui Rio, esta é uma aposta "errada", já que "numa altura em que há grande escassez de crédito, esse crédito deveria ser canalizado prioritariamente para a economia e para as pequenas e médias empresas". "O primeiro-ministro insiste, com grande ênfase, que quer fazer as grandes obras públicas. Vai fazê-las com crédito, endividando o Estado. Eu faria exactamente o contrário", garantiu o social-democrata.

O também presidente da Câmara do Porto defendeu que os investimentos públicos devem ser "muito bem ponderados" e que o Governo, nesta altura, deveria apenas avançar "com aqueles que contribuam para um grande reforço da competitividade da economia". "Não somos contra tudo e contra todos. Apenas defendemos que não os podemos fazer todos agora, em força, e secar o crédito", acrescentou.

Rui Rio lamentou que o Governo "continue amarrado" à política que tem vindo a seguir, sublinhando que, assim, "o país não pode ter esperança". "Ou nós somos capazes de inverter a política, ou o País não vai melhorar" referiu.

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