DGS vai reforçar luta contra infecção hospitalar

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Duas crianças morreram de pneumonia adenovírica no Senhora da Oliveira, entre outras infectadas Hugo Delgado/PÚBLICO

A Direcção-Geral da Saúde (DGS) vai reforçar as medidas preventivas contra a infecção hospitalar, tal como é recomendado pela Inspecção-Geral da Saúde (IGS) no relatório final do inquérito efectuado após a morte de várias crianças com infecções respiratórias por adenovírus no Hospital Senhora da Oliveira, em Guimarães.

Concretamente, serão introduzidas no Plano Nacional de Saúde "algumas linhas" sobre infecção hospitalar e os responsáveis pelos centros regionais de saúde pública vão ser chamados a desempenhar um papel mais activo na supervisão da actividade das comissões de controlo de infecção, adianta o director-geral da Saúde, Pereira Miguel.

"Nalguns hospitais as comissões não funcionam. Temos que as pôr a funcionar de facto", diz, acrescentando que vai igualmente ser melhorada a articulação entre as diversas entidades, nomeadamente a DGS e o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, os centros regionais de saúde pública e os hospitais.

Hoje mesmo estas questões vão ser debatidas entre Pereira Miguel e os directores regionais de saúde pública, durante uma reunião em Lisboa. "Reconhecemos que é preciso ir mais longe" a este nível, assume o director-geral, para quem o relatório da Inspecção-Geral da Saúde é, mais do que crítico, "construtivo", uma vez que funciona como um incentivo para um trabalho que "já tinha sido iniciado". Recorde-se que, em Abril, a DGS incluiu no seu "site" uma série de informações sobre infecção hospitalar.

Apesar de considerar que o encerramento do Serviço de Pediatria-Neonatologia do Hospital Senhora da Oliveira em Abril foi "eficiente", o documento da inspecção classifica como "arriscada" a decisão de transferir as crianças para outras unidades hospitalares. "Não havia alternativa", riposta Pereira Miguel, sublinhando que, depois disso, "pararam as mortes". O serviço em causa encerrou durante cerca de um mês, na sequência da morte de seis crianças (entre Dezembro de 2002 e Abril de 2003).

Em Portugal, só a partir de 1996 é que passou a ser obrigatória a existência de comissões de controlo da infecção nos hospitais. Mas a verdade é que estas continuam a debater-se com uma grande falta de meios. Um inquérito feito há dois anos permitiu perceber que só 43, 9 por cento tinham enfermeiro a tempo inteiro (como estipula a lei) e que apenas nove por cento contavam com o apoio de um epidemiologista. Além disso, quase metade não tinha um espaço próprio e 38 por cento não dispunham de apoio administrativo.

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