Há resgates no parque nacional que não deviam ser gratuitos, defende autarca

Presidente da Câmara de Montalegre defende que em situações em que a emergência não se comprova os resgatados devem pagar o serviço.

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Este ano foram já vários os resgates de pedestrianistas no parque nacional Adriano Miranda

O presidente da Câmara de Montalegre defendeu esta segunda-feira que não se pode continuar a "fornecer gratuitamente" um serviço de protecção e socorro, como o resgate que empenhou 39 operacionais e um helicóptero para retirar um jovem do Gerês. "É uma irresponsabilidade absoluta. O sistema de Protecção Civil também não pode continuar a funcionar desta maneira", afirmou Orlando Alves à agência Lusa.

Trinta e nove operacionais, entre bombeiros e militares da GNR, foram empenhados para o resgate de um jovem de 23 anos que pediu auxílio quando caminhava sozinho na zona de Minas de Carris, no Parque Nacional da Penada Gerês (PNPG). Segundo fonte do Centro Distrital de Operações de Socorro de Vila Real, o homem disse ter-se sentido indisposto e depois entendeu que já não teria forma segura de continuar a caminhada porque se meteu a noite e estava sozinho.

A vítima, que aparentava estar bem de saúde, e operacionais acabaram por pernoitar nas antigas casas das minas e a retirada da serra foi feita às 06h30 de helicóptero. "Ninguém pode dar-se ao luxo de ir curar para a serra do Gerês os seus desgostos amorosos, as suas incompatibilidades sociais e os devaneios e sonhos que cada um possa ter. Quem o fizer, conhecendo os riscos que a serra comporta, está a agir e a actuar por conta própria e não podemos continuar a fornecer gratuitamente um serviço de protecção e socorro como aquele que foi desenhado e implementado nesta noite", frisou Orlando Alves.

O autarca defendeu que é preciso "imputar estes custos a pessoas irresponsáveis", ressalvando as situações em que o socorro é mesmo necessário, e referiu que deveria ser aplicada, por exemplo, "uma punição pecuniária ou a obrigação de fazer serviço cívico, de intervenção social para compensar a sociedade do investimento que a sociedade fez para lhe salvar a vida". "Deveria ser criada legislação específica que considerasse isto como devassa de uma zona protegida, de uma zona sagrada, e tal constituísse um crime punido material ou criminalmente na proporção dos gastos provocados", sublinhou.

E, continuou: "enquanto não fizermos isto, vamos continuar a assistir impunemente a esta forma de driblar o sistema da Proteção Civil e esta forma de gozar com o esforço de muita gente empenhada na salvação das vidas".

O presidente lembrou ainda o trabalho que os municípios com área inserida no PNPG estão a fazer nesse sentido. "Estamos a trabalhar em conjunto para que se crie um regulamento especial para a área do parque e que faça com que todas estas incursões sejam devidamente controladas e sejam monitorizadas ou obedeçam a autorizações prévias para que se saiba efectivamente quem é que está no parque e onde anda", explicou.

Orlando Alves esteve durante a noite a acompanhar o combate a um incêndio que queimou povoamento florestal na zona de Cabril, no PNPG, que mobilizou mais de cem operacionais e quatro meios aéreos. O presidente falou num "prejuízo enorme" para o PNPG. "Foram muitos hectares, foram seguramente 300 hectares, e sobretudo foi uma tarde inteira com o avião beriev russo a queimar 35 mil euros por hora e mais três helicópteros a tentar evitar que o incêndio atingisse o parque de campismo de Cabril e também a aldeia de Pincães", frisou.

O autarca considerou que "é muito, muito dinheiro que se deita fora" e afirmou que o "dinheiro que se gasta no combate aos incêndios é o dinheiro que faz falta para alimentar as reformas, para qualificar o Serviço Nacional de Saúde e investir na educação".

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