Só os pescadores deveriam ter casas na ria Formosa, dizem os ambientalistas

O plano de demolições da ria Formosa, critica a Almargem, não toca nos maiores interesses instalados. Na ilha do Farol, as casas que vão abaixo são as que menos expostas estão aos avanços do mar.

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pedro cunha

As demolições na ria Formosa, defende a Almargem, deveriam ser feitas de “forma sistemática, independentemente da situação legal ou ilegal em que as construções se encontram”. Os ambientalistas alertam para a previsível subida do nível das águas do mar e o risco cada vez maior de galgamentos oceânicos: “De pé, apenas deveriam ficar os edifícios de carácter público, apoios de praia e casas de primeira habitação de pescadores e viveiristas”

As intervenções do Ministério do Ambiente e da Sociedade Polis-Ria Formosa ao longo dos anos, diz o comunicado da Almargem, constituem um “conjunto de decisões disparatadas, tecnicamente contraditórias e com interesses duvidosos”.

O que se passou na praia de Faro é apontado como exemplo dos “disparates” ambientais. O plano defende as demolições nas extremidades nascente e poente da ilha, deixando intocável o núcleo central, onde se encontram as casas de maior peso e volumetria. A barreira arquitectónica, afirmam, “impede a reconstituição adequada do cordão dunar e a migração natural dos sedimentos”. Por sua vez, o Ministério do Ambiente considera que se  trata de uma  zona “ urbana consolidada”, prevendo investimentos em infra-estruturas, nomeadamente a construção de uma nova ponte.

 As contradições do ministério do Ambiente não se ficam apenas pela ilha de Faro, diz a Almargem. No povoado do Farol repete-se o “tsunami de contradições” no ordenamento do litoral algarvio. As próximas casas a derrubar situam-se na margem lagunar, dos Hangares e Farol, precisamente as que estão menos expostas aos avanços do mar. “Não faz sentido ser considerada prioritária a sua demolição, sobretudo se as zonas de maior risco forem deixadas intocadas”, remata a Almargem, deixando um alerta: ”Os habitantes deveriam ser sensibilizados para os perigos que correm ao permanecerem no local”. 

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