Autarca de Gaia denuncia “oportunismos” no Marés Vivas

Eduardo Vítor Rodrigues considera que há gente a agir por vingança. Um dos visados nega.

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Nova localização do festival Marés vivas continua a ser contestada por movimentos ambientalistas Paulo Pimenta

O Presidente da Câmara de Gaia acusou esta segunda-feira um dos promotores do grupo S.O.S Estuário do Douro, Serafim Riem, de estar a vingar-se por deixar de ter tido acesso a contratos por ajuste directo com a autarquia, atacando a localização do festival Marés Vivas. O visado promete provar que a acusação é infundada e admite reagir judicialmente contra o autarca socialista.

Eduardo Vítor Rodrigues considera que o caso Marés vivas “chegou ao ponto da palhaçada”. E separa o que considera serem “preocupações legítimas” de pessoas que manifestaram preocupação com a nova localização do evento, no enfiamento sul dos limites da reserva – e às quais, diz, as exigências da comissão de acompanhamento entretanto criada pelo Ministério do Ambiente dão resposta – das intervenções da Quercus e, mais recentemente, do S.O.S Estuário do Douro. O autarca já tinha acusado a associação de só ter criticado a actual localização do festival depois de ter perdido um apoio anual de 15 mil euros da autarquia, e agora faz acusação semelhante a um dos rostos do grupo recentemente fundado.

Serafim Riem, fundador de vários movimentos ambientalistas, entre eles a Quercus, da qual se afastou há anos, detém uma empresa de arboricultura, a Planeta das Árvores. Segundo Eduardo Vítor, nos mandatos anteriores esta firma “ganhava ajustes directos de 200 mil euros em Gaia”, contratos que, acrescentou, passou a ter de disputar, e a perder, em concursos, com outras empresas. “É preciso denunciar os oportunismos. Há gente disfarçada de activistas sociais que deixa muito a desejar”, criticou.

Contactado pelo PÚBLICO, Riem nega a acusação, e promete provar nos próximos dias, com documentos, que já no anterior mandato os contratos com Gaia, que perde, na maioria dos casos, por “não conseguir competir com os preços de outras firmas”, eram sujeitos a concurso. E admite reagir judicialmente contra o autarca, lamentando que um “socialista, membro de um partido democrático, ataque desta forma o direito à crítica dos cidadãos”.

O próprio presidente da Câmara de Gaia sente-se atacado na sua reputação – Eduardo Vítor é professor universitário e leccionava a cadeira de sociologia do Desenvolvimento Sustentável – e não fechou a porta, também ele, ao recurso à justiça, depois de ter visto a Quercus processar a câmara por causa do festival, na semana passada. “Eu não sou um criminoso”, insistiu, respondendo que gerirá, como entender, e a cada momento, a sua reacção às críticas de que tem sido alvo.  

Os organizadores do Marés Vivas também consideraram excessiva a forma de protesto anunciada na semana passada pelo grupo S.O.S. estuário do Douro, que prometeu contactar os artistas para os tentar convencer a não tocar neste festival de Verão. O gesto foi considerado uma acção de “guerrilha” e levou a PEV entertainment a anunciar, também ela, um processo judicial contra alguns elementos deste grupo recém-criado.

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