Foi aqui, na Trafaria, pequena vila piscatórica em Almada, que nasceu a primeira colónia balnear de Portugal. E foi aqui, nos anos 50, que começaram a surgir muitas habitações simples e algo castiças, destinadas somente ao veraneio. Foi uma dessas casas que no ano passado foi alvo de uma reabilitação assinada pelo arquitecto Manuel Cachão Tojal, que depois de passagens por Rio de Janeiro, Tóquio, Barcelona e São Paulo, regressou recentemente a Portugal para fundar o seu próprio estúdio. Neste projecto, o arquitecto, nascido em 1983 em Lisboa, procurou dar uma "nova interpretação da casa à luz da vivência contemporânea", mas, como refere o gabinete em comunicado, "mantendo a sua principal função": a de "proporcionar estadias de férias perfeitas". Dividiu então a habitação em três espaços: um privado, a suite, que se encontra dentro de um volume de madeira; um semi-privado, a biblioteca, escondida entre as ripas; e um social, a sala e a cozinha, completamente abertas, com um longo pé direito. Destaca-se a utilização da madeira, para conferir "mais conforto ao interior", mas também do betão no piso. Foram também reaproveitadas peças e materiais originais, como a antiga pia, o mosaico da cozinha e a chaminé, uma forma de "reforçar a memória e identidade da casa pré-existente adaptando à nova configuração espacial".