Videoárbitro estreia-se na Supertaça, mas em "off"

Já são conhecidos alguns pormenores do período experimental do videoárbitro, que vai ser utilizado no Benfica-Sp. Braga.

Foto
Os árbitros vão ter a ajuda da tecnologia WOLFGANG RATTAY/Reuters

Jorge Sousa foi o escolhido para ser o primeiro "videoárbitro" do futebol português, no jogo da Supertaça entre Benfica e Sporting de Braga. Na época 2016-17, o teste desta tecnologia será feito em "off", isto é, o árbitro da partida não terá nenhuma informação vinda do "videoárbitro", sendo que só dentro de dois anos o sistema funcionará "a sério". Assim, neste primeiro jogo, será João Ferreira que, na bancada, pedirá auxílio "simulado" a Jorge Sousa, que estará numa viatura e “terá acesso às imagens do broadcaster que transmite o jogo, mas sem qualquer comentário ou narração", explicou Hugo Freitas, director de tecnologia da Federação Portuguesa de Futebol (FPF).

Na estreia pública de Andreia Sofia Matos, antiga jornalista da TVI, como membro da equipa de comunicação e informação da FPF, o organismo que rege o futebol português recebeu na sua nova “casa”, a Cidade do Futebol, uma conferência de imprensa de apresentação da experiência do videoárbitro nos jogos de futebol nacional. Para além de Hugo Freitas, também João Ferreira, ex-árbitro e vice-presidente do Conselho de Arbitragem da FPF, respondeu às perguntas dos jornalistas e explicou as condições mais técnicas de aplicação desta experiência em Portugal.

Os moldes do período experimental

"A FPF sempre quis estar ligada ao protocolo experimental do videoárbitro, desde a sua aprovação pelo International Football Association Board”, começou por avançar Hugo Freitas, que garantiu que o financiamento desta experiência será assegurado, na totalidade, pela FPF.

João Ferreira esclareceu que o Benfica-Sp. Braga, da Supertaça Cândido de Oliveira, será o primeiro jogo com videoárbitro, mas que o árbitro da partida, que será anunciado na manhã de quinta-feira, não terá comunicação com Jorge Sousa. “No primeiro ano, todos os testes vão ser em 'off', ou seja, o árbitro não terá qualquer comunicação com o videoárbitro. No segundo ano, serão escolhidos alguns jogos com ligação em 'on'”, explicou João Ferreira.

Este período experimental comporta dez jogos de teste. Depois da Supertaça, serão feitos mais nove ensaios, ainda durante a temporada 2016-17. João Ferreira destacou que estes testes serão feitos em jogos das fases mais adiantadas da Taça de Portugal.

As questões práticas

João Ferreira esclareceu ainda que, quando começar o videoárbitro em “on”, haverá um sinal com as mãos, público e claro, que o árbitro da partida terá de fazer, de forma a pedir a ajuda do videoárbitro. Este apoio será pedido pelo árbitro principal e apenas em caso de dúvida.

O dirigente adiantou que o videoárbitro, nesta primeira fase, só terá aplicação em quatro tipos de lance: grandes penalidades, situações de golo/não golo, possíveis expulsões e quando o árbitro quiser confirmação da identificação do jogador a quem pretende mostrar um cartão.

O tempo que demora a tomada de decisão com videoárbitro foi uma das principais questões abordadas no auditório n.º2 da Cidade do Futebol. Hugo Freitas esclareceu que está estimado um período de 12 a 15 segundos para a tomada de decisão, mas que o objectivo é diminuir este tempo. Questionado sobre a principal desvantagem deste sistema, o director de tecnologia da FPF destacou a possibilidade de o tempo demorado na tomada de decisão prejudicar a fluidez do jogo.

João Ferreira, no entanto, lembrou o recente Brasil-Peru (0-1), na Copa América, em que o jogo esteve parado mais de quatro minutos, devido a um lance de golo com a mão, que foi mal ajuizado, e acabou por eliminar os brasileiros. “O jogo esteve parado cinco minutos, era suficiente para se ter tomado uma boa decisão, o que não aconteceu”, recordou o antigo árbitro.

Árbitros lesionados poderão dar uma ajuda

Para o futuro, João Ferreira deixou em aberto a possibilidade de o videoárbitro ser usado para decisões de fora-de-jogo.

Ainda no capítulo das evoluções, destaque para a possibilidade de o próprio árbitro do jogo poder ter acesso às imagens, num ecrã instalado junto ao relvado. João Ferreira esclareceu ainda que a experiência com o videoárbitro não implicará um aumento no quadro de árbitros, dando o exemplo dos árbitros lesionados, “que poderão estar sentados, como videoárbitro, sem qualquer esforço físico”. 

Texto editado por Nuno Sousa

Sugerir correcção
Ler 3 comentários