Diego Simeone, um caso de rara longevidade nas grandes Ligas

Treinador do Atlético Madrid está no top 3 dos técnicos com mais anos de casa nos clubes dos principais campeonatos europeus. Treinadores têm menos continuidade em Portugal do que nas grandes Ligas.

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Reuters/MICHAEL DALDER

A direcção do Atlético Madrid apresentou a Diego Simeone uma proposta de extensão de contrato até Junho de 2020 e o argentino assinou por baixo. A continuidade do treinador, anunciada na terça-feira pelo clube, poderá prolongar o reinado nos “colchoneros” até um total de oito épocas e meia, se o acordo for cumprido na íntegra. Uma raridade nos dias que correm, nos campeonatos de topo, que, ainda assim, dão mais margem de erro aos seus técnicos do que a Liga portuguesa.

A temporada 2017-18 é o mais recente atestado da volatilidade associada à carreira de treinador. E o principal campeonato espanhol não foge à regra. Dos 20 técnicos que integram a Liga Santander, oito iniciam uma aventura num novo clube neste ano e apenas três têm um passado de continuidade que vá para lá de 2015: Pablo Machín, no Girona desde 2014, Asier Garitano, no Leganés desde 2013, e, claro, Diego Simeone, no Atlético desde Dezembro de 2011.

“A renovação de Diego Pablo Simeone já é uma realidade. O nosso técnico assinou o contrato que o vincula ao Atlético Madrid por mais duas temporadas. Confirma-se, assim, uma notícia muito aguardada pelos adeptos, algo que Enrique Cerezo, Miguel Ángel Gil e o próprio Simeone sempre tinham enunciado nas suas declarações públicos”, avançou a direcção dos “colchoneros”, em comunicado.

O currículo do técnico argentino, que no Estádio Vicente Calderón conquistou um campeonato (2013–14), uma Taça do Rei (2012–13), uma Supertaça de Espanha (2014), uma Liga Europa (2011–12), uma Supertaça Europeia (2012) e chegou a duas finais da Liga dos Campeões (2013–14 e 2015–16), justificará a aposta, mas há casos sem sucesso desportivo tão palpável que também têm merecido a confiança das direcções. São excepções, porém.

Se excluirmos desta contabilidade o caso óbvio de Arsène Wenger (no Arsenal desde 1996), que depois do abandono de Alex Ferguson deixou de ter concorrência à altura, há pouco por onde escolher nas mais fortes Ligas europeias. Na verdade, só o treinador do Angers, Stéphane Moulin, de 50 anos, bate Simeone — e por uma diferença de seis meses, já que chegou ao leme do actual 7.º classificado da Liga francesa em Junho de 2011. Meio ano mais tarde, para além do antigo médio argentino em Madrid, começava a aventura de Christian Streich, agora com 52 anos, nos alemães do Friburgo.

Bem longe dos treinadores mais duradouros em exercício nestes quatro países (Espanha, Inglaterra, França e Alemanha) estão Rui Vitória e Jorge Jesus, os espelhos da continuidade no actual panorama do principal escalão do futebol português. Aos comandos de Benfica e Sporting, respectivamente, desde 2015, arrancaram recentemente para a terceira época consecutiva, num registo ligeiramente pior do que o do campeonato que completa o leque dos chamados Big 5 (as cinco Ligas mais poderosas da Europa), o italiano.

Na Série A, a tolerância para com o trabalho dos treinadores também não é uma imagem de marca, o que explica que os técnicos há mais tempo ao leme de um dos 20 clubes do calcio “remontem” a 2014. E são três: Massimiliano Allegri, com o domínio claro da Juventus a sustentar a aposta, Rolando Maran, ao serviço do Chievo Verona, e Leonardo Semplici, que conseguiu promover o SPAL ao primeiro escalão de Itália na época passada.

De resto, Portugal também se destaca pelo número de novos contratos firmados em 2017 com os treinadores, já que em comparação com as cinco outras Ligas apresenta nove técnicos que começaram a trabalhar numa nova equipa na presente época. Nove em 18 clubes, 50% portanto, contra oito em 20 em Espanha, seis em 18 na Bundesliga, um quarto na Série A e na Premier League (com Marco Silva a fazer parte do lote, no Watford) e um quinto em França.

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