Caiu a máscara ao líder invicto do campeonato

O Rio Ave cumpriu a ameaça e vergou o Sporting a uma derrota dolorosa, com três golos que arrumaram com o “leão” ainda na primeira parte. Liderança do campeonato fica em risco

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O desespero de Joel Campbell depois de mais um golo do Rio Ave Miguel Riopa/AFP

O Rio Ave, em noite épica e de inspiração, arrancou com violência a máscara do líder invencível e aplicou uma lição de humildade que Jorge Jesus dificilmente esquecerá. Desta feita, foi o novato Capucho a fazer a diferença, desafiando o mestre para um duelo desigual, num acto de insolência suprema, a raiar o insano para quem assistiu à grande manifestação de poder e futebol deixada pelo Sporting em pleno Bernabéu. O resultado foi um triunfo justo do Rio Ave por 3-1 e com nota artística.

Jesus sabia que o “chip” de Madrid não servia para um jogo em que lhe competia assumir os cordelinhos do jogo. Também sabia que era preciso gerir, embora não prescindisse de Adrien, um dos jogadores em “sofrimento” físico.

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E se Capucho encontrava no 4x3x3 o equilíbrio necessário para roubar a iniciativa ao adversário e simultaneamente garantir um ataque capaz de chegar com perigo à área contrária, Jorge Jesus optou por uma renovação radical no ataque, mantendo apenas Gelson como farol de uma linha que só esporadicamente pressionou a defesa vila-condense.

Campbell mostrou-se e despediu-se do jogo logo depois. André Souza – a arma secreta – falhou a melhor ocasião a passe soberbo de Coates. Alan Ruiz tinha também tentado a meia distância, mas Cássio não esteve pelos ajustes. Faltava Gelson, o tornado que passou pela capital espanhola. Só que o “ai Jesus” dos “leões” não compareceu à celebração do seu 50.º jogo, redimindo-se apenas no toque para Bas Dost marcar o golo de honra.

A humilhação ao líder foi precipitada por uma reposição de Rui Patrício que foi parar aos pés de Roderick. O central arrancou, foi-se embora e descobriu o homem da máscara na área – Tarantini – que inaugurou o marcador.

O golo vila-condense fez implodir toda a estrutura “leonina”, abrindo brechas no sector de Bruno César, com Gil Dias a derramar uma mistura de classe e sangue. Yazalde, com cem jogos pelos homens da casa, ainda desperdiçou o segundo, que nasceria dos pés de Guedes. Mas o pesadelo sportinguista não estava completo. Antes do apito para o intervalo, Gil Dias completou a obra-prima num lance em que teve tempo, espaço e classe para assistir Guedes e surgir por artes mágicas no segundo poste a rematar.

Jesus saía do banco cabisbaixo, não por ordem do árbitro, antes vergado a um sentimento de impotência que tentou afastar com a entrada de Bas Dost e Bryan Ruiz na segunda parte. O Sporting criou alguns lances na área de Cássio, chegou ao golo, mas Capucho tinha o “leão” onde queria.

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