Sporting convence bancos a prolongar prazo dos VMOC

Maturidade de títulos no valor de 55 milhões de euros prolongada por mais dez anos.

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Bruno de Carvalho: "Acredito que os bancos vão cumprir o resto do acordo" Nuno Ferreira Santos

Foi nesta sexta-feira aprovado por unanimidade o prolongamento por mais dez anos do prazo de pagamento dos Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis (VMOC) da SAD do Sporting de uma emissão de final de 2010 correspondente a 55 milhões de euros. A reunião dos titulares dos VMOC (Novo Banco e Millenium BCP detém 99,7%) aprovou por unanimidade a extensão da maturidade dos títulos “Valores Sporting 2010” para Dezembro de 2026 (venciam a 17 de Janeiro deste ano), livrando o clube de perder a maioria na SAD para os bancos ou, em alternativa, resgatar estes títulos.

De acordo com o comunicado do Sporting à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o que foi aprovado foi a “substituição da actual data única de conversão obrigatória pela previsão de duas datas alternativas de conversão obrigatória”, 17 de Janeiro de 2016 e 26 de Dezembro de 2026. Os titulares das VMOC têm até sexta-feira para formalizarem qual das datas querem optar. Confirmando-se o prolongamento do prazo, o Sporting terá de pagar uma taxa de juro anual de quatro por cento, mais 0,5 por cento do que pagava actualmente.

Após a reunião, Bruno de Carvalho mostrou-se confiante quanto à vontade dos bancos cumprirem o que ficou aprovado nesta sexta-feira. “Existe ainda a possibilidade de até ao final da próxima sexta-feira poderem dizer que querem converter na mesma. Mas estamos satisfeitos porque a proposta passou por unanimidade. Acredito que os bancos vão cumprir o resto do acordo. Tudo é possível, mas vai contra os acordos que temos. Os bancos estavam aqui hoje, aprovaram por unanimidade a prorrogação e deram este primeiro passo. Não faria sentido que não dessem o segundo”, afirmou o presidente “leonino”.

Segundo o PÚBLICO apurou, este cenário do prolongamento do prazo já estava previsto no plano de reestruturação financeira acordado pela actual direcção “leonina” com os bancos credores.

Basicamente, o que estava em causa era a possibilidade de o Sporting deixar de ser accionista maioritário da SAD se não houvesse este alargamento. Ainda no tempo da liderança de José Eduardo Bettencourt, o Sporting fez esta emissão de títulos, subscritos quase na íntegra por duas instituições bancárias (BES e BCP). O Sporting teria cinco anos para resgatar estes títulos, ou então estes convertiam-se em acções, aumentando o capital social da SAD de 67 milhões de acções para 122 milhões. Na prática, os “leões”, que detêm 42,8 milhões de acções, perdiam o controlo da sociedade.

Esta não é a única operação do Sporting que envolve valores convertíveis. No final de 2014, já durante a presidência de Bruno de Carvalho, foi feita uma emissão de 80 milhões em VMOC, consistindo, segundo o comunicado à CMVM, “na conversão de créditos detidos sobre a Sporting SAD” pelo Novo Banco (24 milhões) e pelo BCP (56 milhões).

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