Sloane Stephens bateu todas as probabilidades

Nervos de Madison Keys contribuíram para o primeiro título do Grand Slam da amiga.

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Sloane Stephens LUSA/JOHN G. MABANGLO

Se já era altamente improvável que duas jogadoras vindas de recentes intervenções cirúrgicas pudessem, poucos meses depois, estar numa final de um torneio do Grand Slam, as hipóteses de Sloane Stephens vencer o Open dos EUA eram mais reduzidas depois da sua amiga Madison Keys ter realizado uma exibição de sonho nas meias-finais. Mas, no derradeiro encontro entre duas estreantes em finais de majors, o maior nervosismo de Keys impediu-a de produzir o ténis que a levou a eliminar Venus Williams e, com 30 erros não forçados, contribuiu com metade dos pontos ganhos por Stephens e suficientes para erguer o seu primeiro troféu do Grand Slam.

Fiel às indicações do treinador – “Respira, bate na bola, mexe os pés” –, Stephens soube controlar melhor as emoções, embora, na véspera não soubesse o que fazer para lidar com o nervosismo. “Estive a ler revistas de carros, críticas sobre a segurança… é um pouco estranho mas foi o que fiz. Estava muito nervosa, mas sabia que ela, provavelmente, sentia o mesmo”, contou a norte-americana de 24 anos.

Não foi preciso muito tempo para se saber quem estava mais à vontade no Arthur Ashe Stadium: três erros directos de Keys conduziram ao primeiro break e deram uma vantagem de 3-2 à compatriota. A ansiedade da jogadora de 22 anos foi aumentando, o que não ajudou a que reencontrasse o seu ténis poderoso. E Keys terminou com somente metade dos pontos disputados com o seu primeiro serviço e sem concretizar nenhum dos três break-points – todos no segundo jogo do segundo set.

Mais conservadora no seu estilo de jogo, Stephens não precisou muito mais do que manter a bola em campo para manter o ascendente no encontro. Mas também serviu bem, contra-atacou e defendeu-se muito bem nas esporádicas tentativas de reacção de Keys, e fechou o encontro ao fim dos 61 minutos.

“Fiz seis erros em todo o encontro? Inacreditável! Acho que isso nunca me aconteceu antes”, confessou Stephens, já na conferência de imprensa, após a vitória por 6-3, 6-0. Antes, também tinha ficado boquiaberta quando Keys cometeu o último erro, no terceiro match-point. “’Ganhei mesmo o Open dos EUA’. Fiquei assim um bocadinho… Uau!”, admitiu. E foi de estupefacção o seu ar quando recebeu o cheque de três milhões de euros.

Pelo meio, abraçou longamente na rede a amiga Maddy, que não conseguiu conter as lágrimas. E depois de subir às bancadas para abraçar treinador, família e o namorado (o futebolista Jozy Altidore), foi sentar-se ao lado dela, fazendo-a sorrir. “Sendo a amiga que é, Sloane apoiou-me muito”, contou Keys, que também reconheceu os nervos. “Estive nervosa toda a manhã, obviamente. Sloane é uma adversária difícil de defrontar, especialmente quando não metemos muitas bolas e ela também não falha. Não sabia o que fazer quando estava no court, o que intensificou ainda mais o nervosismo”, admitiu Keys.

Por causa das paragens forçadas, nenhuma delas vai surgir no "top-10" do ranking desta segunda-feira. Stephens, que regressou à competição em Julho, após uma paragem de 11 meses e uma operação ao pé direito, vai surgir no 17.º lugar. Já Keys, operada por duas vezes ao pulso esquerdo, a segunda em Junho, vai subir ao 12.º lugar.

Mas com o regresso em pleno das veteranas Serena Williams, Victoria Azarenka e Maria Sharapova, o confronto com a nova geração, em que se incluem as duas norte-americanas, mas também as campeãs Jelena Ostapenko (Roland Garros) e Garbiñe Muguruza (Wimbledon), vai elevar o interesse sobre o circuito feminino em 2018.

Quatro anos e meio depois de derrotar Serena Williams, ser apontada como sua sucessora e chegar às meias-finais do Open da Austrália, Stephens está orgulhosa por ter confirmado as expectativas. “Um dia, vou poder mostrar aos meus filhos que venci o Open dos EUA. Quantas pessoas podem dizer isto? Até já gravaram o meu nome no vestuário. Isto é espantoso”, disse Stephens, ainda incrédula.

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