Sharapova sobreviveu ao doping mas não à polémica

A campeã russa tem recebido convites para os principais torneios do circuito, mas muitas jogadoras são contra.

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Maria Sharapova LUSA/RONALD WITTEK

O regresso de Maria Sharapova à competição foi recebido por aplausos do público presente em Estugarda, onde a russa terminou a suspensão de 15 meses, por ter acusado positivo num controlo antidoping, realizado em Fevereiro de 2016. Nem uma vaia ou outra manifestação de desagrado se ouviu na Porsche Arena, contrastando com o muito barulho registado nas últimas semanas nas redes sociais e meios de comunicação social. Em causa, os convites que Sharapova tem recebido para disputar torneios do circuito principal, já que deixou de figurar no ranking mundial.

Jogadoras com Angelique Kerber, Simona Halep, Caroline Wozniacki, Dominika Cibulkova ou Alizé Cornet manifestaram publicamente o seu descontentamento por a russa estar a ser ajudada a voltar aos palcos principais. “”Para as crianças, para os mais jovens, não é bom verem uma jogadora que foi afastada por doping receber um convite. Não é por ser a Maria Sharapova”, argumentou Halep.

Cornet foi mais severa, criticando a própria associação de jogadoras que organiza o circuito feminino por dar imenso destaque ao regresso da russa. “É uma vergonha que a WTA promova uma jogadora que acusou positivo. É normal que se fale sobre ela, é uma enorme campeã, mas daí até a promoverem desta forma… é injusto”, disse a francesa. Mas Sharapova também teve colegas a falarem a seu favor. Karolina Pliskova recordou a enorme popularidade da tenista de 30 anos, que já ocupou o primeiro lugar do ranking, venceu 35 títulos, dos quais cinco do Grand Slam, e que conta com 15 milhões de seguidores no Facebook – por comparação, Serena Williams tem um terço de fãs nesta rede social – o que faz dela uma tenista que dá retorno grantido. “Do lado dos torneios, é uma grande mais-valia. Obviamente que com Serena de fora, o ténis precisa de uma estrela como ela, por isso, não tenho nada contra”, afirmou a checa.

Também a ex-número um mundial, Kim Cliksters, apoiou a colega. “Fiquei desapontada e surpreendida quando se soube da notícia, mas ela teve uma carreira incrível e não penso que precise de ser punida ainda mais”, justificou a belga.

Mas a controvérsia ainda deverá prosseguir durante mais algumas semanas. Ainda nesta quinta-feira, Eugenie Bouchard comentou que Sharapova era “uma batoteira". "Penso que os batoteiros, seja em que desporto for, não deviam ser permitidos a voltar a competir”, disse a canadiana.

Indiferente às críticas, Sharapova vai ganhando. “Não preciso de comentar; estou muito acima disso”, respondeu. Nesta quinta-feira, venceu o segundo encontro em Estugarda – derrotando a compatriota Elena Makarova (43.ª), por 7-5, 6-1 –, qualificando-se para os quartos-de-final. Se passar mais duas rondas reentra no "top-125", o que lhe dá entrada directa no quadro principal de Roland Garros, para o qual pediu um wild card. Mas mesmo tendo já conquistado por duas vezes o torneio francês (2012 e 2014), não tem garantido um convite.

Bernard Guidicelli, presidente da federação francesa, organizadora do evento, e Guy Forget, director do torneio, reuniram-se com a jogadora no início de Março. Mas a decisão final só será tomada a 16 de Maio. “”A federação luta há muitos anos contra o doping, sob todas as formas. Temos recebido telefonemas e mensagens de pessoas que tentam influenciar a decisão. É um assunto sensível, que levamos muito a sério”, admitiu Forget ao L’Équipe.

Se não receber um convite, Sharapova irá disputar a fase de qualificação. “Estarei preparada para jogar os juniores se for preciso”, garantiu. Mas para já tem garantidos wild cards para Madrid e Roma, dois grandes eventos do WTA Tour.

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