Uma prova de força para o Benfica e uma prova de vida para o FC Porto

O clássico desta sexta-feira, na Luz, é uma espécie de teste ao bom momento das “águias” e um exame que os “dragões” não podem chumbar se ainda querem chegar ao título.

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Rúben Neves e Gaitán, um duelo que pode vir a repetir-se na Luz PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP

Benfica e FC Porto iniciaram a época com abordagens diferentes para o mesmo objectivo. Para chegar ao “tri”, os “encarnados” trocaram Jorge Jesus por Rui Vitória. Para recuperar de dois anos sem títulos, os “dragões” ficaram com Julen Lopetegui. Estratégia de revolução e estratégia de continuidade, respectivamente. Foi assim que, há cinco meses, Benfica e FC Porto se encontraram no Estádio do Dragão, uma equipa à procura de uma identidade e outra com um plano (ou assim se pensava). Ganhou o FC Porto e legitimou a sua estratégia, e o Benfica manteve-se afogado em dúvidas. Passou uma volta inteira do campeonato e os papéis inverteram-se.

Pode dizer-se que vão estar nesta sexta-feira (20h30, B-TV), na Luz, um FC Porto que não resultou e um Benfica que soube ultrapassar a sua falsa partida. Julen Lopetegui já não está no banco do Dragão e José Peseiro foi chamado para colar os cacos. Rui Vitória ultrapassou o cepticismo inicial e a herança pesada do antecessor para estabilizar uma equipa que se tornou vitoriosa, goleadora e líder do campeonato. Mas este duelo servirá como um teste para ambos. Como se porta o Benfica frente a um rival directo (para além da derrota no Dragão, os “encarnados” perderam três vezes com o Sporting). E se o FC Porto versão Peseiro ainda vai a tempo de ser candidato ao título.

Há cinco meses, o FC Porto ficaria mais à frente com o triunfo no Dragão, mais quatro pontos, mantendo-se invencível até aos primeiros dias de Janeiro de 2016. Nessa altura, ainda estavam lá Imbula, Tello e Osvaldo, três que saíram no mercado de Inverno. Lopetegui ainda era parte da solução e a integração de alguns dos reforços parecia estar a correr bem — Casillas, Maxi Pereira, Danilo, Corona, Layún. Mas o ano começou mal, com a derrota caseira frente ao Sporting e um empate com o Rio Ave, e os dias de Lopetegui no Dragão (e de alguns dos jogadores por ele pedidos) chegaram ao fim. Mas nem a chicotada psicológica teve efeitos duradouros. Tanto o interino Rui Barros como o definitivo Peseiro já perderam para o campeonato.

Um empate com Sanches

Há cinco meses, a derrota no Dragão era a segunda em cinco jogos para o Benfica de Rui Vitória e, após o desaire quase um mês depois com o Sporting, os “encarnados” pareciam à deriva. Antes de chegar à fórmula vencedora e goleadora, Vitória experimentou muito, testando jogadores que já não estão na Luz como Victor Andrade, Ola John ou Clésio, e também andou indeciso sobre quem deviria fazer dupla com Jonas (Jiménez ou Mitroglou), mas foi a partir do momento em que introduziu Pizzi e Renato Sanches que a “águia” levantou voo. Coincidência, ou talvez não, sempre que o miúdo das tranças jogou o Benfica só empatou um jogo no campeonato (na Madeira), vencendo os outros 13.

O Benfica apresenta-se neste clássico na sua melhor fase da época e à procura da sua nona vitória consecutiva no campeonato. Apresenta ainda uma eficácia goleadora impressionante, com 59 golos marcados em 21 jogos e uma média que está quase nos três golos por jogo. Tem em Jonas um credível candidato à Bota de Ouro europeia, com os seus 23 golos, e um bom complemento ofensivo em jogadores como Mitroglou (11) e Pizzi (6).

E isto será um problema para Peseiro, que será forçado a apresentar na Luz uma defesa remendada devido às ausências por lesão de Maicon e Marcano. Bruno Martins Indi é o único central disponível da equipa principal, pelo que o técnico deverá recorrer a Danilo Pereira, um médio, para fazer dupla com o holandês. A boa notícia para o técnico ribatejano é que já vai poder contar com Maxi Pereira, que regressa à Luz como “inimigo”, depois de oito épocas a vestir de “encarnado”.

Assim se chega à 22.ª jornada, em que o clássico da Luz serve como prova de vida para o FC Porto e como prova de força para o Benfica. Diz a história que, desde que a vitória passou a valer três pontos, nunca o FC Porto foi à Luz com uma atraso tão grande, seis pontos, que podem passar para três, ficar na mesma ou passar a nove, consoante o resultado. Atento, claro, estará o Sporting, que jogará na Madeira frente ao Nacional já a saber se pode (ou não) voltar a estar sozinho no topo.

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