No primeiro ano de Fernando Santos a selecção esteve à espera da segunda parte

Passaram 12 meses desde que a Federação Portuguesa de Futebol decidiu dispensar Paulo Bento. O seu sucessor utilizou 39 jogadores diferentes e colocou a selecção às portas do Euro 2016, mas os golos não abundaram.

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Passou um ano desde que Paulo Bento deixou de ser seleccionador nacional. Após quatro anos no cargo, o falhanço no Mundial 2014, em que Portugal foi eliminado na fase de grupos, e o traumático arranque da qualificação para o Euro 2016, com uma histórica derrota caseira frente à Albânia (0-1), ditaram a queda do técnico. Fernando Santos foi o escolhido para suceder-lhe e, 12 meses depois, falta a Portugal um ponto para confirmar a presença no Campeonato da Europa. Embora o futebol da equipa nacional tenha andado longe de deslumbrar, a selecção soma vitórias.

A herança que Fernando Santos recebeu de Paulo Bento não era muito diferente daquela que o ex-treinador do Sporting tinha à sua espera quando ocupou o lugar de Carlos Queiroz, que abandonou a selecção em litígio com a Federação Portuguesa de Futebol. A equipa nacional fora eliminada nos oitavos-de-final do Mundial 2010 e iniciara o apuramento para o Euro 2012 – já sob o comando interino de Agostinho Oliveira – com um empate (4-4 com Chipre) e uma derrota (0-1 com a Noruega). O paralelismo do momento em que cada um dos técnicos chegou ao leme da selecção é evidente. Mas o que dizem os números sobre os primeiros 365 dias de cada um no cargo?

Um dos factores pelo qual a selecção de Fernando Santos tem vindo a destacar-se é a reduzida produção atacante: nestes dez jogos com o engenheiro ao leme, a equipa nacional marcou 11 golos. As sete vitórias obtidas foram todas pela margem mínima (cinco por 1-0, uma por 2-1 e outra por 3-2). Este é um cenário radicalmente diferente daquele que a equipa portuguesa viveu no ano de estreia de Paulo Bento. Nos primeiros dez encontros com o sucessor de Carlos Queiroz ao comando, Portugal fez 29 golos – com um saldo de oito vitórias, um empate e uma derrota. Em seis dessas partidas a selecção marcou três ou mais golos.

O triunfo de segunda-feira na Albânia, que deixou a equipa nacional com um pé e meio no Euro 2016, foi obtido já no período de compensação. Miguel Veloso correspondeu ao canto marcado por Ricardo Quaresma e marcou o único golo da partida, confirmando uma tendência da selecção de Fernando Santos: marcar golos nas segundas partes. Nove dos 11 golos marcados por Portugal no último ano surgiram depois do intervalo, ou seja, 81,8% do total. O médio do Dínamo Kiev tornou-se no sexto futebolista a marcar pela selecção nestes 12 meses. Também Éder, Fábio Coentrão, Raphaël Guerreiro, Ricardo Carvalho e Ricardo Quaresma fizeram um golo cada, deixando à vista a importância de Cristiano Ronaldo, autor de cinco golos (45,5% do total) pela selecção desde que Santos se estreou.

No primeiro ano de Paulo Bento, Cristiano Ronaldo tinha seis golos na conta pessoal. Mas isso representava apenas um quinto do total. Hélder Postiga também fez seis golos nos primeiros dez jogos de Bento, Nani contribuiu com cinco e Hugo Almeida com quatro. No total, houve 12 jogadores a fazer golos e a sua distribuição foi mais equilibrada: 14 nas primeiras partes e 15 nos segundos tempos dos encontros disputados.

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As caras novas
A renovação que se impunha no momento em que Fernando Santos pegou na equipa nacional foi sendo feita, com o novo seleccionador a proporcionar a estreia a 14 futebolistas neste primeiro ano. Mas, ao mesmo tempo que injectava juventude na equipa, Santos também recuperou para a selecção alguns veteranos que não entravam nas contas de Paulo Bento. Os proscritos Bosingwa, Danny e Ricardo Carvalho voltaram a vestir a camisola de Portugal, e Ricardo Quaresma e Tiago também regressaram à equipa.

A defesa foi o sector onde Fernando Santos promoveu mais estreias: André Pinto, Cédric Soares, Daniel Carriço, José Fonte, Paulo Oliveira, Raphaël Guerreiro e Tiago Gomes cumpriram os primeiros minutos pela selecção neste último ano, aos quais se junta o guarda-redes Anthony Lopes, que já tinha sido convocado por Paulo Bento mas apenas obteve a primeira internacionalização em Março, num encontro particular contra Cabo Verde. Adrien Silva, André André, Bernardo Silva, Danilo, João Mário e Ukra completam o lote de estreantes do reinado de Fernando Santos.

No total, foram 39 os jogadores utilizados pelo actual seleccionador desde que assumiu o cargo. Nani foi o mais utilizado, tendo estado presente em nove dos dez jogos (só falhou o duelo com Cabo Verde, aproveitado por Fernando Santos para testar novas soluções) e somou 686 minutos. Cristiano Ronaldo cumpriu 636 minutos em oito jogos, pouco mais do que os 630 em sete jogos somados por Rui Patrício e João Moutinho. O top-5 dos jogadores mais utilizados por Fernando Santos é fechado por Eliseu (606 minutos distribuídos por sete partidas).

Houve três jogadores que estiveram presentes em todos os jogos dos primeiros 12 meses de Paulo Bento no cargo: João Moutinho (810 minutos), Raul Meireles (780) e Nani (731) alinharam em todas as partidas. João Pereira (712 minutos em nove jogos) e Fábio Coentrão (690 em oito encontros) completam o lote dos mais regulares durante o ano de estreia do técnico, que nesse período usou 29 jogadores – menos uma dezena do que Fernando Santos.

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