No camarote real do All England Club estava o ex-Rei de Espanha, Juan Carlos; no court central, a nova “rainha” espanhola de Wimbledon. Dois anos depois de perder a final para Serena Williams, Garbiñe Muguruza conquistou o torneio britânico, cumprindo a previsão da campeoníssima norte-americana que lhe dissera então: “Não fiques triste. Vais segurar neste troféu muito em breve, acredita”. 

Quis o destino que fosse o êxito fosse alcançado à custa de outra Williams, Venus, a pentacampeã de Wimbledon que, aos 37 anos, voltou a surgir na discussão do título, mas sem a mesma eficácia e determinação da irmã. Numa final praticamente decidida no primeiro set, a espanhola de 23 anos ganhou o segundo troféu do Grand Slam, um ano depois de triunfar em Roland Garros.

“No início, não gostava de relva, depois parei de me queixar, cheguei aqui à final e agora gosto, adapta-se bem ao meu jogo”, resumiu Muguruza, após derrotar Venus, por 7-5, 6-0. O encontro esteve bastante equilibrado até Venus (10.ª no ranking) dispor de dois set-points, a 4-5 (15-40). Dizer que tudo pode mudar rapidamente é um chavão no ténis, mas, desta vez, mudou irreversivelmente. Muguruza (14.ª) anulou o primeiro ao vencer um longo ponto de 19 pancadas e o segundo com um bom primeiro serviço. A confiança da espanhola subiu em flecha e, logo no jogo seguinte, após vencer mais um ponto longo, obteve o primeiro break do encontro, que viria a revelar-se decisivo.

Do lado de Venus, os erros continuaram a acumular-se e, no primeiro jogo do segundo set, em que vencia 40-0, cedeu novo break, com uma dupla-falta. A norte-americana ensaiou várias subidas à rede (seis pontos ganhos em 13) mas foi incapaz de travar a série de jogos ganhos pela adversária. Com um segundo break na partida, Muguruza assumiu o controlo total do encontro. A espanhola chegou rapidamente a 5-0 (40-0), concluindo no terceiro match-point, em 1h13m, no 25.º erro não forçado de Venus, não evitando as lágrimas.

Cinco semanas antes, Muguruza também não tinha conseguido conter as lágrimas após ser eliminada em Roland Garros, onde defendia o título. “Cheguei aqui muito motivada. Subi de nível a cada encontro e joguei bem. Desta vez não queria perder”, disse a segunda espanhola na Era Open a conquistar mais que um título do Grand Slam, imitando Arantxa Sánchez Vicario.