Ministro da Cultura aponta como modelo a Rede de Monumentos do Vale do Varosa

Castro Mendes elogiou em Lamego, onde inaugurou o Centro Interpretativo do Convento de Ferreirim, o exemplo de colaboração entre autarquias e entidades locais na defesa do património do Vale do Varosa.

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Mosteiro de S. João de Tarouca

O ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, inaugurou esta segunda-feira os Centros Interpretativos do Convento de Santo António de Ferreirim e do Mosteiro de São João de Tarouca, integrados no projecto da Rede de Monumentos do Vale do Varosa, que entra assim em pleno funcionamento.

Centrado no vale do rio Varosa e dinamizado a partir do Museu de Lamego, este projecto, coordenado pela Direcção Regional do Norte e financiado pelo QREN no âmbito do programa ON.2 – O Novo Norte, integra ainda o Mosteiro de Santa Maria de Salzedas, a Capela de São Pedro de Balsemão e a Ponte Fortificada de Ucanha.

Na cerimónia de inauguração do Centro Interpretativo do Convento de Santo António de Ferreirim, no concelho de Lamego, o ministro considerou “absolutamente essenciais” estas redes de colaboração. “Ao apostarmos na descentralização, num modelo de cada vez maior atribuição de competências aos níveis locais, desejamos ir ao encontro deste movimento em que os poderes locais e os vários agentes da sociedade civil têm sabido construir alianças para a defesa e preservação do património”, afirmou Castro Mendes, que prometeu “um apoio efectivo e pragmático, real e substancial” à Rede de Monumentos do Vale do Varosa.

 O presidente da Câmara de Lamego, Francisco Lopes, notou que “o turismo do Douro é muito excursionista, de um dia, dia e meio”, e que, “para ser mais bem aproveitado pela hotelaria, pela restauração e pelas estruturas que comercializam os produtos regionais”, será necessário prolongar essa estadia, objectivo que a oferta cultural pode ajudar a concretizar.

Mas “nem tudo está feito”, alertou ainda o autarca, lembrando os casos do Museu de Lamego, “riquíssimo, mas que peca por ter uma estrutura física bastante ultrapassada", da igreja anexa ao Convento de Santa Cruz, “que necessita urgentemente de requalificação”, e também da igreja de Nossa Senhora dos Meninos, no Bairro da Ponte.

O director regional de Cultura, António Ponte, afirmou que o objectivo deste projecto, para lá da valorização do património, é justamente criar “uma rede de visitação que potencie a distribuição de público de turismo para toda a região".

O Mosteiro de São João de Tarouca, um dos monumentos que agora passa a dispor de um Centro Interpretativo, localizado no antigo celeiro dos frades, é o primeiro mosteiro cisterciense edificado no país, a partir de 1154, e a sua instalação prende-se com o próprio processo de fundação da nacionalidade. Ampliado nos séculos XVII e XVIII, a sua igreja foi integralmente restaurada entre 1998 e 2010, e as dependências monásticas, destruídas no século XIX, após a extinção das ordens religiosas, beneficiaram no mesmo período de uma meticulosa campanha arqueológica.

Já o convento franciscano de Santo António de Ferreirim, fundado por iniciativa dos condes de Marialva, foi reformado na primeira metade do século XVI, tendo a respectiva igreja, de traços manuelinos, começado a ser construída em 1532. O edifício foi depois novamente bastante alterado no século XVIII, com novas obras de remodelação, mas a igreja conserva ainda um importante conjunto retabular do início do século XVI, encomendado pelo cardeal-infante D. Afonso, filho de D. Manuel I, e executado em parceria por três dos mais relevantes pintores então activos em Portugal: Cristóvão de Figueiredo, Gregório Lopes e Garcia Fernandes, designados por Mestres de Ferreirim.

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