São João da Madeira investe em 300 hortas comunitárias

O projecto é financiado pelo Programa de Recuperação e Resiliência resultando num investimento de 343.000 euros. Será disponibilizado pelo município formação prévia sobre o tema.

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A iniciativa privilegiará os munícipes em situação de maior carência financeira Nelson Garrido
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O município de São João da Madeira vai investir mais de 343.000 euros na criação de cerca de 300 hortas comunitárias para atribuir a famílias carenciadas locais, que assim poderão produzir bens alimentares a usar no seu consumo. Segundo revela nesta quarta-feira essa autarquia do distrito de Aveiro e da Área Metropolitana do Porto, a construção desses espaços de cultivo já está em curso e, considerando que cada talhão deverá ocupar quatro metros quadrados, estão em causa 1.200 metros quadrados a distribuir pela envolvente dos bairros municipais das zonas de Fundo de Vila e Orreiro, e do Parrinho e Mourisca. "A criação destas hortas favorece o autoconsumo e a produção de alimentação saudável e menos dispendiosa, além de proporcionar uma vida mais activa e saudável a quem trata os terrenos", defende o presidente da Câmara Municipal de São João da Madeira, Jorge Vultos Sequeira.

O projecto financiado pelo Programa de Recuperação e Resiliência tem ainda a vantagem, diz o autarca socialista à agência Lusa, de favorecer "o combate às alterações climáticas e a promoção da sustentabilidade no uso dos recursos", ajudando a disseminar "uma desejável circularidade da economia". Essa componente específica prende-se com o o facto de a iniciativa prever a disponibilização de 13 pontos de compostagem para aproveitamento de biorresíduos e produção de fertilizante natural que possa ser aplicado nas referidas hortas. "Com esses correctivos de solo, os produtos hortícolas e frutícolas cultivados nos talhões serão mais ricos em nutrientes e isso, além de contribuir para a auto-sustentabilidade alimentar das famílias, também terá efeitos no sabor e qualidade da sua alimentação", acrescenta Jorge Vultos Sequeira.

Para que os beneficiários das hortas possam explorar devidamente esses recursos, a Câmara conta disponibilizar-lhes formação prévia, o que acontecerá depois de concluído o processo de selecção dos candidatos - que irá privilegiar, entre os inquilinos do parque habitacional da autarquia, aqueles em maior situação de carência financeira. "Essas pessoas serão alvo de acções de capacitação e sensibilização para a agricultura biológica e para a economia circular", explica Jorge Vultos Sequeira, que se propõe entregar os talhões para os primeiros cultivos "ainda este ano".

A expectativa do autarca é que, além de assegurar alimentos cuja qualidade de produção foi controlada pela própria família, o trabalho nas hortas também constitua uma oportunidade de convívio e combate à solidão. "Por se encontrarem no espaço público, as nossas hortas vão certamente reforçar os laços de vizinhança e as dinâmicas cívicas entre a comunidade", realça.