Bose Ultra Open Earbuds: um “brinco” pequeno que toca como gente grande

Os novos auriculares da Bose são um desafio tecnológico que vai para além do exercício de estilo. Nem sempre são úteis, mas no ambiente certo são “um brinco”.

Foto
Bose Ultra Open Earbuds têm autonomia de 7 horas de reprodução em estéreo e 4 horas em modo imersivo Daniel Rocha
Ouça este artigo
00:00
03:56

Estão por todo o lado, mas não têm todas as formas e feitios. Os auriculares in-ear (que se enfiam no ouvido, por oposição aos headphones, que cobrem a orelha) são objectos mais ou menos compactos, de forma cúbica ou cilíndrica, a fazer lembrar um “feijão” ou simplesmente umas coisas que parecem penduradas. Com ou sem essa haste, revolucionaram completamente o modo como consumimos o som que transportamos nos ouvidos — este uso da tecnologia sem fios (via Bluetooth) é um advento extraordinário do qual raramente nos lembramos, injustamente.

A Bose deu a volta a estes formatos habituais com uma espécie de grampo que, não sendo uma novidade, lhe dá outro impulso, porque torna esta apresentação, digamos, mais viável; seja porque a Bose é uma das marcas de som mais reconhecidas em todo o mundo, seja porque estes auscultadores conseguem produzir um som, de facto, bastante bom.

O formato “brinco” pode parecer um capricho estético, mas assenta surpreendentemente bem na orelha. Não faz força a mais ou a menos, aguentam-se durante horas sem grande esforço. E, como o formato sugere, não saem do sítio nem por nada; são, portanto, adequados para a prática de desportos “agitados” e estão preparados para resistir ao suor e salpicos (certificação IPX4) — conheça as especificações técnicas aqui.

Possuem um som equilibrado a puxar para o dinâmico — a assinatura Bose, basicamente —, com boa separação de frequências. Toca com fidelidade e bastante alto — para além do recomendável — sem distorcer.

Foto
O formato é seguro, confortável e discreto. A qualidade do som da chamada telefónica pareceu-nos regular Daniel Rocha

Este formato in-ear não consegue produzir cancelamento de ruído, por razões óbvias: o auricular não entra no canal auditivo, pelo que não consegue o efeito tampão necessário para isolar (e depois cancelar) o ruído exterior. Não que a Bose não o saiba fazer, foi uma opção.

A marca americana já deu muitas provas de que sabe construir auscultadores com cancelamento de ruído, foi das primeiras a fazê-lo (no final dos anos 1980) e ainda hoje aparece constantemente no top dos melhores headphones com noise canceling — a par de marcas como a Sony, Sennheiser, Bang & Olufsen ou Apple, só para citar algumas marcas que conhecemos bem.

A Bose quis criar um par de auriculares com um som potente, mas que não isolasse o utilizador do mundo exterior, uma opção em que reconhecemos mérito. De facto, os Ultra Open Earbuds deixam entrar o som de fora sem perturbar a audição da música (ou voz), um efeito mais eficaz (mais “genuíno”, talvez) que o da “transparência” produzido digitalmente pelos noise canceling puros, em que o som ambiente exterior captado por microfones externos é misturado digitalmente no som que sai dos auriculares directamente para os ouvidos.

Isto é muito bonito se o som/ruído exterior não for muito alto; caso contrário, sentimos rapidamente a falta do cancelamento de ruído, como, por exemplo, ao andar numa rua movimentada ou num transporte público. Já em casa ou no local de trabalho, os Ultra revelam-se muito mais confortáveis do que uns auriculares de enfiar no ouvido.

Foto
Disponível em preto e pérola. O estojo de carregamento é compacto. 10 minutos de carregamento asseguram 2 horas de reprodução Daniel Rocha

A assinatura sonora pode ser facilmente manipulável através da aplicação móvel, prática e limpa, com equalizador e gestão de “modos imersivos” — tipo de distribuição do som com efeito 360º, que segue os movimentos da cabeça —, uma manigância tecnológica muito na moda, mas que, na prática, não oferece nenhuma vantagem qualitativa relativamente ao som estéreo normal.

Possuem volume automático (sobe ou desce consoante o som exterior) e a tecnologia Bluetooth 5.3 permite ligar os Ultra a mais de um dispositivo em simultâneo. Mas desenganem-se os que procuram aqui uma experiência de transição suave entre dispositivos (como os AirPods, reis no ecossistema fechado da Apple), a maioria das vezes vai ser preciso activar manualmente a ligação dos auriculares nas definições do telemóvel, tablet, ou computador).

Mas isto, sejamos justos, é um mal menor. Pior é mesmo o preço recomendado em Portugal: 379 euros (alguns grandes retalhistas já os vendem por menos de 350 euros), um valor alto para a falta que às vezes faz o cancelamento de ruído. Mas com esta forma de jóia para usar na orelha são “um brinco”.

Sugerir correcção
Ler 3 comentários