Junta militar do Burkina Faso estende o poder durante mais cinco anos

Militares que tomaram o poder em 2022 tinham prometido realizar eleições para restabelecer o poder civil em Julho.

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Ibrahim Traore, Presidente interino do Burkina Faso e líder do golpe militar de Setembro de 2022 TASS / REUTERS
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A junta militar que governa o Burkina Faso desde 2022 vai manter-se no poder durante mais cinco anos, decidiram no sábado as partes envolvidas no diálogo nacional sobre a calendarização da transição para a democracia.

Os militares tomaram o poder no país africano em Setembro de 2022, levando a cabo um segundo golpe de Estado em apenas oito meses, e tinham prometido realizar eleições em Julho deste ano para restabelecer o poder civil. Na altura disseram, no entanto, que as questões de segurança seriam prioritárias.

De acordo com o documento aprovado na reunião de sábado, assinado pelo comandante e Presidente interino do Burkina Faso, Ibrahim Traore, o período de transição será estendido 60 meses a partir do dia 2 de Julho.

“As eleições que marcam o fim da transição podem ser organizadas antes deste prazo, se a situação de segurança o permitir”, refere, ainda assim, o documento, que também permite que Traore se candidate à presidência.

Este atraso substancial na transição pode fazer agravar as preocupações regionais e internacionais com o retrocesso democrático na África Ocidental e Central, onde se registaram oito golpes de Estado nos últimos quatro anos.

A violência na região do Sahel, na África Ocidental, alimentada por um conflito que dura há uma década com grupos islamistas ligados à Al-Qaeda e ao Daesh, agravou-se desde que as respectivas Forças Armadas tomaram o poder no Burkina Faso e nos vizinhos Mali e Níger.

O Burkina Faso registou uma enorme escalada de ataques mortíferos em 2023. De acordo com o grupo de monitorização de crises ACLED, sediado nos EUA, morreram mais de oito mil pessoas no país no âmbito do conflito com os grupos extremistas.

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