Cartas ao director

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Apoios a inquilinos ou a senhorios?

Começo por esclarecer que nada do que a seguir vou expor é sustentado em estatísticas fiáveis. São apenas raciocínios baseados na observação da realidade e no bom senso. O Governo anunciou apoios às rendas para estudantes e jovens trabalhadores. Reconhece a carestia deste bem essencial e financiará uma parte. Acontece que todos sabemos que estes alugueres, além de caros, são maioritariamente clandestinos, pagos mensalmente em notas do BCE, escapando ao fisco e engrossando a economia paralela. Ora, os potenciais beneficiários necessitarão de facturas que actualmente não têm pelo que os senhorios, pressionados a facturar, irão aumentar as rendas para compensar o aumento dos seus próprios impostos. Enfim, as dificuldades habitacionais manter-se-ão para os inquilinos e o Estado receberá, no todo ou em parte, os subsídios pagos. Qual a magnitude do problema? Não sei, não tenho estatísticas, mas acredito que estes subsídios irão pressionar ainda mais os preços das rendas.

José Pombal, Vila Nova de Gaia

Cortar e ou aumentar na despesa pública

Em mais um artigo de excelente qualidade, como são quase todos os da autoria de João Miguel Tavares (J.M.T.), publicou o PÚBLICO a apreciação daquele jornalista sobre a fase de controlo ou falta dele dos dinheiros públicos, que, parecendo ser inesgotáveis, vão sendo distribuídos pelas clientelas assanhadas e perfiladas para aproveitar o momento.

Poucos portugueses estarão atentos ao "regabofe" em curso e que ele tão bem caracterizou e do qual iremos sofrer as consequências mais cedo do que tarde, principalmente se os conflitos na Ucrânia e em Gaza se agravarem, como infelizmente tudo indica irá acontecer, pelo que se torna incompreensível o que este Governo está a fazer.

Foi pena que J.M.T. não tenha referido o curto prazo que resta para a aplicação correcta de muitos milhões do PRR, mas, porque isso se insere noutro âmbito de análise, não será descabido fazê-la aqui, sendo fácil prever que vai haver durante seis meses outro "desnorte" de aprovação apressada de projectos que, de interesse duvidoso, serão apresentados com o único intuito de sacar o mais que possam.

Celerino Dias, Viana do Castelo

Certo ou errado?

Quando era jovem, foi-me ensinado que não se deve falar mal de alguém na sua ausência, porque retira à pessoa visada a possibilidade de contradizer ou se defender. O actual Parlamento só não o admitirá entre os deputados dentro do hemiciclo (se for nos corredores ou nas salas das comissões, poderão?), para eles não "andarem à batatada"... e serem filmados, como já tem acontecido nos parlamentos de outros países.

Domicília Costa, Vila Nova de Gaia

Kakfa está vivo

Até dói parar um pouco para reflectir neste Portugal dos pequeninos. O tempo que se perdeu e perde com vacuidades ou questões de lana caprina! Canais de televisão, jornais, Parlamento, políticos... é um nunca acabar de tempo inútil a discutir o sexo dos anjos: o Presidente da República traiu a pátria (?!); Ventura ofendeu os turcos (?!); Aguiar-Branco devia retirar a palavra ou antes respeitar a liberdade de expressão... e é um nunca acabar de vãs discussões e tempestades num copo de água. O rapaz do Chega agradece o tempo de antena que lhe é constantemente dado. Não seria melhor um pouco de bom senso e reduzir este tipo de questões à sua pequenez?

José Sousa Dias, Ourém

Camas ou aviões?

Segundo notícia do PÚBLICO, mais de 2000 doentes permanecem nos hospitais por não terem lugar em lares ou centros de cuidados continuados. Evidentemente não podemos aceitar que estes doentes permaneçam nos hospitais, absorvendo recursos essenciais, quando estariam em melhores condições em instituições adequadas. Mas para alargar os cuidados continuados é necessário recursos enormes, também eles continuados.

Apesar disso, vemos que uma única área merece lugar de destaque: a guerra. Quando o responsável pela Força Aérea vem pedir 5000 milhões para substituir os F16, devemos perguntar: qual é a nossa guerra? Socorrer os nossos doentes ou provocar mais sofrimento lá fora? A UE, que permitiu o entendimento dos países europeus mantendo uma política de negociação, está agora a reboque das imposições norte americanas a gastar os seus recursos numa guerra que na realidade começou há dez anos, e já provoca fissuras bem visíveis na união europeia.

Quando se aproximam as eleições europeias, a opção entre a procura da paz e a lógica da guerra tem de ter uma resposta clara dos candidatos, sob pena do projecto europeu correr ele próprio o risco de caminhar para os cuidados intensivos.

José Cavalheiro, Matosinhos

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