Sabem o que é lacrimodance? A Galeria Incerteza explica, a Dançar na pista de choro

Lacrimodance? Pesadelo folião? É disto, e muito mais, que se reivindica a Galeria Incerteza, o mais recente projecto musical do portuense Rui Garcia da Costa, que passa a maior parte da sua vida nos montes, mais concretamente em Vila Nova de Foz Côa, como afiança a sua biografia. Nascido no Porto, em 1997, deu os primeiros passos musicais a partir de 2013, em bandas punk, integrando grupos como os Mukipus e Super Gorila, além de compor para uma banda punk para crianças que havia criado com amigos, a Panktufa. A solo, começou por apresentar-se como Oh Me, lançando dois EP (Por Tudo o Que Caiu do Céu, 2020; e Olho Verde, 2023) e um álbum (Império de Sabão, 2022). Não tardaria a deixar cair o Oh Me, passando a apresentar-se como Galeria Incerteza, e é assim que agora lança em single e videoclipe Dançar na pista de choro.

A par dos seus projectos, Rui Garcia da Costa é também produtor de trabalhos alheios, como Porcelana Boa da Avó (2022), dos Traz os Monstros, ou SofaSofaSofa (2022) dos Silverbomb, banda que acabou por integrar e com a qual editou o álbum Olaré Jacaré (2023). Rui faz também parte de um colectivo de artistas, a Pé em Triste, associação cultural da qual é fundador e que tem por objectivo a dinamização cultural do interior do país, mantendo um ciclo de concertos regulares intitulado ECOA. Funciona também como editora e produtora de projectos musicais, realizando e produzindo tanto música como videoclipes e conteúdos digitais. Para além disso, edita ainda uma revista com uma recolha de trabalhos de artistas emergentes”.

Quanto ao tema Dançar na pista de choro, que além de Rui Garcia da Costa conta com os músicos Bernardo Esteves, Ricardo Pesqueira e Rui Clemente, o texto de apresentação do single é um bom cartão de visita. Ora leiam-no: “Bem-vindos ao pesadelo folião de Galeria Incerteza. Não sabemos de onde aparece tanta necessidade de dar o corpo ao manifesto, mas nesta faixa Dançar na Pista de Choro, vemos a noite através dos olhos de alguém que não sabe o que quer, o que tem e o que perdeu. Sentimos o arrastar pelas ruas em busca de uma satisfação que raramente aparece e vamos acompanhando o caminho até ao esperado vazio esperançoso, o pensamento recorrente desta ainda poder ser a noite em que tudo muda, em que os problemas desaparecem e temos 20 anos para sempre, cega-nos como ‘as luzes não param de piscar’. Há claramente um desavergonhado roubo de estética, as brilhantinas dos anos 80 misturam-se com a sujidade dos 90, mas como criador exemplar, a chapada de novo ar também está lá e toda a lengalenga que vamos escutando culmina na criação de um novo estilo, estilo que o projecto adopta e reclama para si, auto-intitulando-se como a primeira banda de Lacrimodance do mundo.”