Concerto dos Canto Nono dedicado a José Mário Branco é agora lançado em disco

O espectáculo A Força (o Poder) da Palavra, Um Canto a José Mário Branco, estreado em Abril de 2023, é agora editado em vinil. O lançamento é este sábado, no Porto.

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Os Canto Nono em palco, na sua homenagem a José Mário Branco DR
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A estreia foi em 28 de Abril de 2023, no Coliseu do Porto, e passado pouco mais de um ano chega a disco o espectáculo A Força (o Poder) da Palavra, Um Canto a José Mário Branco. Trata-se de uma celebração, pelo grupo a capella Canto Nono, da obra do cantor e compositor que foi seu director artístico ao longo de duas décadas, entre 2000 e 2019 e o disco regista esse concerto de estreia, já que ele foi depois apresentado noutros palcos e noutras cidades.

O lançamento realiza-se, simbolicamente, no dia em que José Mário Branco (1942-2019) faria 82 anos, 25 de Maio, com uma sessão na Biblioteca Municipal Almeida Garrett, no Porto, às 18h. O disco, editado pela Tradisom, já foi por esta posto em pré-venda, com duas opções: só o vinil (LP) ou o vinil mais uma PEN com o vídeo do concerto e o disco em versão digital.

Fundado em 1992, com quatro vozes femininas e quatro masculinas, o Canto Nono tem um repertório assente no canto a capella, sem quaisquer acompanhamentos instrumentais, ainda que o seu trabalho integre também “projectos com instrumentistas de Jazz, nomeadamente Carlos Azevedo, António Augusto-Aguiar, António Ferro, Quiné, entre outros”. Com dois discos gravados em nome próprio (Canto Nono, 1997; e O Porto a Oito Vozes, 2003, que resultou de um espectáculo homónimo com direcção musical de José Mário Branco), o grupo já percorreu inúmeros palcos, no país e fora dele, e, mantendo a estrutura inicial de octeto, é formado por Dalila Teixeira, Joana Castro, Diana Gonçalves, Daniela Castro, Lucas Lopes, Jorge Barata, Rui Rodrigues e Fernando Pinheiro, que se mantém no grupo desde o início, quando começaram a trabalhar com o arranjador (e tenor) norte-americano Ward Swingle, fundador dos Swingle Singers, que viria a ser determinante para a evolução do grupo.

No espectáculo A Força (o Poder) da Palavra, Um Canto a José Mário Branco podem ouvir-se, nas versões vocais do grupo, canções como Cantiga de trabalho, Recado ao Porto, Ronda do soldadinho, Canção dos torna-viagem, As canseiras desta vida, Remendos e côdeas, Do que um homem é capaz, Tiro-no-liro ou Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. Algumas delas com arranjos que o próprio José Mário Branco fez para o Canto Nono, e que o grupo estreou aqui, mas também com arranjos de músicos com quem ele trabalhava (“e de que gostava muito”), como Amélia Muge, José Martins, Tomás Pimentel, José Manuel David ou Filipe Raposo, convidados pelo Canto Nono para o efeito. O espectáculo integra ainda temas de outros autores, como Etelvina, de Sérgio Godinho, ou O que será, de Chico Buarque.

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A capa do disco

Ao anunciarem, em 2022, este concerto, os Canto Nono afirmaram, num texto difundido à data, que “este seria, com certeza, um tributo que José Mário Branco resignadamente agradeceria (tão avesso que era a todas as formas laudatórias) e no qual todos nos empenhámos de corpo e alma, em doses equivalentes, com elevado regozijo e sentimento de gratidão por termos tido o privilégio de cruzar as nossas vidas e os nossos projectos com ele, nunca à margem, mas de certa maneira.” Um percurso que o concerto quis, com o maior empenhamento, fazer reviver: “Quando assim foi (é) tudo se torna de uma simplicidade gratificante, mesmo que por vezes doída, fazendo da partida apenas a separação e da ausência coragem.”

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