Liga Europa: a Atalanta aplicou pressão e o Bayer não aguentou

Equipa de Bérgamo venceu a final da Liga Europa por 3-0, naquela que foi a primeira derrota da época para o novo campeão alemão. Lookman foi o herói, ao marcar três golos.

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Lookman marcou os três golos da Atalanta Molly Darlington / REUTERS
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Atalanta e Bayer Leverkusen, duas equipas de dois grandes autores. Gian Piero Gasperini e Xabi Alonso, dois homens de duas gerações diferentes e vidas futebolísticas distintas. Ambos proponentes de duas das melhores propostas de futebol na Europa e a sua presença em Dublin na final da Liga Europa era uma perspectiva sedutora para quem não se contenta em ver sempre os mesmos a ganhar. Não foi o espectáculo anunciado, mas o que aconteceu não foi propriamente inesperado. Já se sabia que a Atalanta é uma equipa especialista em aplicar pressão sobre os adversários e o recém-campeão alemão, equipa igualmente intensa, ofensiva e resistente, não conseguiu lidar com isso. Nem reagir.

Em Dublin, a Atalanta conquistou o seu primeiro título europeu, com um triunfo por 3-0 sobre o Bayer, que, até esta final, ainda não tinha sofrido qualquer derrota na presente época. Esta conquista europeia para um clube que só tem títulos da Série B e C e uma Taça de Itália no currículo é o ponto altíssimo para a já longa carreira de Gasperini na formação de Bérgamo. Finalmente a validação com uma taça para um daqueles treinadores que os outros treinadores admiram. Para ele, que é treinador há mais de 30 anos, este também foi o primeiro título.

No mesmo estádio onde há 13 anos o FC Porto bateu o Sp. Braga na final desta competição, foi claro desde o primeiro minuto que a Atalanta seria igual a si mesma e que o Bayer iria ter muitas dificuldades – e não seria por falta de aviso, como se viu nas eliminatórias anteriores dos “nerazzurri” com Sporting, Liverpool e Marselha. Ao longo da época, a formação germânica foi mostrando como se joga quando o adversário está em cima, mas nada dessa competência se viu na capital irlandesa. Só deu Atalanta, que teve Ademola Lookman em estado de graça.

A destruição da equipa de Alonso começou logo aos 12’. Na sequência de um canto da Atalanta, Koopmeiners manteve o jogo naquela zona do terreno e deixou para o potente Zappacosta, que arrancou pela direita e fez o cruzamento na medida perfeita para o pé esquerdo de Lookman. De primeira, o internacional nigeriano fez o 1-0, lançando Gasperini numa enorme celebração.

Uma das virtudes da equipa de Leverkusen, com dois velhos conhecidos do futebol português no “onze” (o ex-benfiquista Grimaldo e o ex-vimaranense Tapsoba), é nunca desesperar em situações de desvantagem – por alguma razão, nunca tinha perdido esta época. Mas a Atalanta manteve a intensidade no volume máximo e não demorou muito a chegar ao segundo golo. Outra vez Lookman a brilhar aos 26’, desta vez com o pé direito. Tirou Xhaka do caminho e, à entrada da área, fez o 2-0.

A Atalanta mostrava-se como o antídoto perfeito para esta equipa de Xabi Alonso, que poucas vezes chegou com perigo à baliza de Juan Musso. Aos 34’, talvez a aproximação mais perigosa, protagonizada por Grimaldo, que ficou frente-a-frente com Musso, mas tudo o que conseguiu fazer foi um passe para as mãos do argentino.

Nada mudou na segunda parte, por mais mudanças que Xabi fizesse. Esta era uma noite para “A Deusa” e para o seu grande herói, Lookman, rapaz nascido em Londres filho de pais nigerianos que foi sempre uma promessa adiada nos tempos em que jogou na Premier League (passou por Everton, Leicester e Fulham).

E, como se não bastasse a marca que já tinha deixado no relvado, ainda reforçou o seu estatuto nesta final como um golo ainda mais espectacular do que já tinham sido os outros dois. Aos 75’, é Scamacca a conduzir o ataque, mas esperou que o seu inspirado colega aparecesse ao seu lado. Quando Lookman apareceu à sua esquerda, foi para lá que foi a bola e ficou a ver. O nigeriano deixou Tapsoba pelo caminho e remate ao ângulo no canto superior direito. Deste buraco, o Bayer Leverkusen já não conseguiu sair.

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