Revolução, já!

Poesia Pública é uma iniciativa do Museu e Bibliotecas do Porto comissariada por Jorge Sobrado e José A. Bragança de Miranda. Ao longo de 50 dias publicaremos 50 poemas de 50 autores sobre revolução.

Ouça este artigo
00:00
00:51

entre o pêlo da besta, o atirador
constrói o muro
arruma no corpo um abril íntimo na manhã
lenta de tanto horror e culpa

um tubarão engole a vida na fúria do mar
na violenta revolta no destino dos povos

abril abre-se no esplendor da memória
e a espuma empurra a terra no ciclo
de pedras nos ombros cansados

fractura exposta num sopro
de giz
um esqueleto azul no lápis sentença

cinquenta anos distantes das válvulas
da máquina

revolução já, gritam os poetas, com o cigarro
aceso na chama da luta.


Maria Quintans. Poeta e dramaturga, tem onze livros publicados. A sua poesia está incluída em várias antologias e revistas literárias, portuguesas, brasileiras e espanholas. Tem participado em vários projectos ligados à poesia e à dramaturgia.

Sugerir correcção
Comentar