Acerca da revolução

Poesia Pública é uma iniciativa do Museu e Bibliotecas do Porto comissariada por Jorge Sobrado e José A. Bragança de Miranda. Ao longo de 50 dias publicaremos 50 poemas de 50 autores sobre revolução.

Ouça este artigo
00:00
01:06

Ser capaz do menos olhado dos olhares
preferir a janela predilecta e a que fica
sempre ao lado, aceitar o brilho em demasia
a cegueira que inspira os bruscos
arranjos do real, assim devotados aos galhos
partidos, mundos por dentro do fogo
e muito acima, nos ritmos siderais

Prévios os exercícios de toca e foge
de quanto começa a revolver-se
em nojo e sem suave luto
e que as fermentações no vão
dos quartos, mofo, tifo, nos firam os olhos
e ensinem para onde relançar as velhas
coisas preciosas, os cacos vivos


José Manuel Teixeira da Silva. Porto, 1959. Escreve poesia e prosa, faz fotografia. Últimas publicações: Sombramar (ficção, Companhia das Ilhas, 2019), Os Pequenos Nós da Tempestade – poemas reunidos e inéditos (poesia, Língua Morta, 2023), Penas Pesadas da Neve (teatro, Companhia das Ilhas, 2023). Organizou antologias poéticas de Egito Gonçalves e Inês Lourenço. Página pessoal: josemanuelteixeiradasilva.weebly.com/

Sugerir correcção
Comentar