Bastou “meio” Viktor Gyökeres para salvar o Sporting

O avançado sueco entrou apenas ao intervalo, quando o FC Porto vencia por 2-0, mas bisou nos últimos minutos e garantiu um ponto importante para os “leões”

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Com dois golos nos últimos minutos, Gyokeres evitou a derrota do Sporting no Dragão Pedro Nunes / REUTERS
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Durante 87 minutos, parecia que a equipa que menos tinha a ganhar ia garantir uma vitória justa que iria colocar mais sal e pimenta na luta pela conquista do campeonato, mas, quando há Viktor Gyökeres, basta um estalar de dedos para tudo mudar. Num clássico em que o Sporting esteve muito aquém do que tem mostrado ao longo da época, os golos de Evanilson e Pepê na primeira parte pareciam garantir ao FC Porto a vitória, mas Gyökeres, que apenas entrou ao intervalo, bisou em apenas um minuto (87’ e 88’) e assegurou um ponto que dá mais margem de erro ao Sporting na luta pelo título.

A cerca de uma hora do início da partida, a revelação dos “onzes” baralhou as análises feitas na antevisão do clássico. Com os portistas a recuperarem das emoções da noite eleitoral, Sérgio Conceição tinha surpresa e meia reservada para o confronto com o líder. No entanto, Rúben Amorim não lhe ficou atrás e apresentou de início uma estratégia inesperada - que correu mal.

Do lado do FC Porto, era certa a ausência de João Mário e, na bolsa de apostas, a solução mais votada era o regresso dos “dragões” ao 4x4x2, com Pepê atrás de Francisco Conceição na direita, e Taremi no apoio a Evanilson. Porém, o plano de jogo preparado no Olival foi outro. Numa aposta de risco, mas que se mostrou certeira, Conceição lançou um jovem de 18 anos (Martim Fernandes), habitual titular na equipa B, que com a camisola principal do FC Porto tinha 17 minutos na Taça de Portugal. A estreia a titular do internacional sub-19 possibilitava a manutenção do 4x3x3, com Pepê no centro. Havia, contudo, mais uma cara inesperada no “onze” dos “dragões”: Pepe não constava da ficha de jogo e, no lugar do capitão, surgiu Zé Pedro.

Tal como o FC Porto, o Sporting não tinha no seu xadrez as peças habituais. O que para muitos não passara de um bluff na véspera - sem ser questionado, Amorim anunciou que Gyökeres estava em dúvida - revelou-se um alerta factual e o melhor marcador do campeonato começou no banco, surgindo Paulinho no seu lugar.

Já no meio-campo dos “leões”, o momento de menor fulgor de Morita garantiu a Daniel Bragança nova titularidade, mas era na defesa sportinguista que surgia a maior incógnita táctica. Sem Matheus Reis, Amorim colocou de início quatro centrais: Coates, Diomande, St. Juste e Gonçalo Inácio. Perante a possibilidade de o rival surgir com Pepê e Conceição na direita, o técnico parecia querer reforçar o lado esquerdo da sua defesa. Quando foi dado o pontapé de saída, percebeu-se que caberia a Inácio a missão de tentar neutralizar os perigos que vinham da ala direita portista. No final do jogo, comprovou-se que o tiro falhou o porta-aviões.

Numa noite com um ambiente pós-eleições especial no Dragão - Pinto da Costa, que esteve no camarote, foi muito aplaudido; Villas-Boas, que se sentou na bancada, foi bastante acarinhado -, o arranque foi perfeito para o FC Porto. Aos 7’, Franco Israel cometeu um erro grave na saída de bola, que os portistas aproveitaram de imediato para contra-atacar e, no segundo remate à baliza, Evanilson não perdoou.

Em desvantagem cedo, o Sporting mostrou-se incapaz de se libertar do colete-de-forças criado pelas opções inicias de Amorim. Sem Gyökeres para esticar o jogo no ataque e com um lado esquerdo inofensivo, os “leões” ficavam órfãos das iniciativas individuais de Pedro Gonçalves, o que permitia ao FC Porto controlar a partida no ritmo que desejava.

Mesmo abdicando de ter o domínio territorial, os “dragões” foram na primeira parte a única equipa capaz de causar problemas à defesa rival e, depois de Evanilson ter estado perto de bisar aos 33’, os portistas chegaram mesmo ao 2-0, com o protagonismo a recair na surpresa da noite: após uma arrancada pela direita, Martim Fernandes sentou Hjulmand e ofereceu a Pepê o segundo golo da noite.

Forçado a emendar os cálculos iniciais, Amorim trocou ao intervalo Bragança por Gyökeres - Pedro Gonçalves passou para o meio - e, quando se atingiu a hora de jogo, o técnico já tinha feito quatro substituições: entraram Quaresma, Nuno Santos e Morita. A teia, no entanto, parecia estar já bem montada pelo FC Porto.

Com muita bola, mas aparente incapacidade para criar oportunidades, o Sporting parecia condenado a sofrer a terceira derrota na I Liga, mas quem tem Viktor Gyökeres arrisca-se sempre a não perder.

Aos 87’, um cruzamento milimétrico de Nuno Santos para a cabeça do sueco terminou com a bola no fundo da baliza de Diogo Costa e, cerca de um minuto depois, foi outra aposta de Amorim (Edwards) que assistiu Gyökeres para o 2-2.

No último fôlego, o Sporting conquistava um empate que pode ser decisivo na luta pelo título: os “leões” vão partir para as últimas três jornadas com cinco pontos de vantagem sobre o Benfica.

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