Cartas ao director

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O 25 de Abril tem donos?

Na sua crónica de 26/04, termina Carmo Afonso dizendo que o 25 de Abril foi e sempre será uma revolução de esquerda. Não, Carmo Afonso, o 25 de Abril foi um golpe militar com origem em questões corporativas, mas que necessitou de, para o "day after" após a queda da ditadura, ter um conteúdo político, consubstanciado nos “3D”: democratizar, descolonizar e desenvolver. O que aconteceu a seguir é que a esquerda, principalmente a extrema-esquerda, se quis apropriar desse movimento dos capitães de Abril e submeter o poder político aos seus interesses próprios, o que em parte conseguiu, até que, a 25 de Novembro de 1975, a democracia e a liberdade conquistadas em Abril foram devolvidas integralmente ao povo.

E anteontem, nos 50 anos do 25 de Abril, a melhor forma de o Sr. Presidente da República ter terminado o seu discurso teria sido pedir a todos os portugueses que saíssem à rua em todas as cidades e lugares deste país, e não apenas na Av. da Liberdade ou dos Aliados, sem bandeiras partidárias nem slogans divisivos, para celebrarem o dia da liberdade. Direi até que todos os líderes partidários, principalmente os dos partidos do centro e direita, o deveriam ter feito, para conseguirmos de vez que esta data seja de todos nós!

Armando Carvalho, Barcarena

Abril na rua

Num cartaz podia ler-se: “Democracia? Nada está garantido.” Mas com um mar de gente na rua, sobretudo com muitos jovens que não se afundaram nas campanhas de mentira e ódio, ficamos com uma renovada garantia: Abril ainda está dentro do prazo de validade!

Os tempos mudaram e os ataques à democracia usam novos processos; em certas redes sociais está montada uma máquina de desinformação, que pretende convencer os mais jovens que antes é que era bom, que as instituições são para deitar abaixo, que as propostas radicais são solução.

É tempo de a justiça perceber que a liberdade de expressão não se pode confundir com uma campanha de difamação, e que a missão do Ministério Público e da PJ obriga a criar um canal de vigilância que permita identificar a diferença entre a legítima opinião e um projecto destinado a minar as instituições. A impunidade de difamadores profissionais começa a ser a ser mais um factor de descrédito da justiça, já muito abalada pela crescente evidência de um golpe judiciário; Abril espera que a justiça seja um pilar da democracia e não um factor de fragilidade.

José Cavalheiro, Matosinhos

Isto não está bom para a metáfora

Isto não está lá grande coisa para a metáfora, não, senhor. Aliás, o senhor António Marujo comprova-o, no PÚBLICO de 24 passado, ao não conseguir descortinar o sentido literal de “arma” contido originalmente no hino nacional, do figurativo que hoje a palavra necessariamente comporta.

Bem assim, anda muita gente preocupada com a sanidade do senhor Presidente da República, por ter apostrofado alguém de “oriental”, por agir com lentidão; e outrem de “rural”, por se mostrar desconfiado.

E com esta dificuldade manifesta em lidar-se, hoje em dia, com o sentido conotativo das palavras, leva-se tudo à letra e incorre-se, justamente, em preconceitos que se censuram... Pois ser “oriental” ou “rural” é pejorativo? E as características de se ser lento ou desconfiado a decidir são assim tão desqualificantes que a adopção de tais expressões tipológicas para ilustrar uma opinião se mostrem insultuosas? E se dissermos que tais expressões foram usadas por um “repentista” (manifestamente não “oriental”, nem “rural”), estaremos, por outro lado, a incorrer numa ofensa?

Talvez seja prudente uma atitude menos precipitada na análise das recentes tiradas do senhor Presidente – serão “marcelices”, com certeza; mas, sinceramente, não creio que o autor esteja “lelé da cuca”.

Sérgio Tovar de Carvalho, Lourinhã

O massacre continua

Treze mil e oitocentas crianças mortas em Gaza com armamento dos Estados Unidos da América. Com o silêncio da União Europeia. Com o silêncio do Governo português. É esta a democracia e liberdade ocidentais? Valha-nos a ONU, que, pela voz de António Guterres, mostra que ainda há quem não tenha medo. É esta hipocrisia de condenar o massacre continuando a vender armas a Israel? É para isto que os políticos são pagos pelos povos?

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

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