Cartas ao director

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A quem vai aproveitar a trapalhada do IRS?

O ministro dos Assuntos Parlamentares pode fazer os malabarismos que entender em “chatérrimos” discursos lidos; os membros do Governo, o líder parlamentar do PSD e os comentadores afectos a este partido podem continuar com os ridículos contorcionismos com que nos têm brindado. Tudo em ordem a tentarem minimizar a trapalhada em que o primeiro-ministro e os seus companheiros de campanha e de governo se meteram ao enganarem os cidadãos relativamente ao IRS.

Quando os portugueses, incluindo os da classe média, seja lá isso o que for, depois do Verão verificarem que a celebrada baixa do imposto será de quatro, seis ou oito euros por mês, aí é que vai ser o banho de água fria, com o consequente substancial aumento de deslocação de votos para a direita do protesto, isto já no próximo acto eleitoral, o que vai permitir a escolha dos deputados europeus.

Elder Fernandes, Lisboa

Esperava melhor!

Durante a intervenção do ministro dos Assuntos Parlamentares na AR, lembrei-me de algumas das curiosas expressões que a minha saudosa mãe utilizava quando alguém, perante provas tão evidentes de algo que aconteceu, continua tenaz e teimosamente a negar como se todos nós fôssemos uma cambada de ignorantes. A primeira das expressões de que me lembrei, Até escorre sangue, foi a propósito da questão Patrícia Dantas, acusada de fraude financeira na obtenção de subsídios europeus. Como foi possível ludibriar e passar o crivo do escrutínio interno do PSD?

A outra argolada é a muito badalada questão do choque fiscal prometido por Luís Montenegro e que, afinal, não é bem o real valor com que nos quis enganar! Aqui, a minha mãe diria: Até dizem que Deus não é Deus! É tão clara e cristalina a intenção de enganar o pagode, que nem os comentadores políticos de direita se atrevem a negá-la! Francamente, o PSD não é propriamente a minha praia, mas, ainda assim, esperava melhor, muito melhor!

Helder Pancadas, Sobreda

As negociações na Educação

O optimismo e a abertura para negociar com as estruturas sindicais de professores que este novo ministro da Educação, Ciência e Inovação aparenta possuir são um bom começo que as mesmas esperam ver posteriormente confirmado. Mas para já os prazos de dois ou de três anos para recuperação integral do tempo de serviço apresentados por estas organizações podem representar um obstáculo inicial, porque não coincidem com os cinco anos que o Governo propõe. Os sindicatos vêem também como pedagogicamente absurda e economicista a junção do 1.º e do 2.º ciclos do ensino ásico, medida que desconfiam ter como objectivo principal dispensar muitos docentes e sobrecarregar os que já estão no activo.

Também a apelidada “municipalização da Educação” é uma ideia bastante antiga que este Governo recuperou no seu programa, e que não é do agrado geral dos sindicatos, sobretudo da Fenprof, que sempre a combateu, pois pode trazer iniquidades e ilegalidades nas contratações, bem como ultrapassagens nas listas de graduação profissional regidas pelo princípio sagrado e inalienável da antiguidade do tempo de serviço destes profissionais.

Outras medidas, como a ampliação da chamada “autonomia das escolas”, serão de imediato consideradas desajustadas, se não trouxerem juntamente com o aumento das responsabilidades atribuídas às direcções executivas dos agrupamentos de escolas as contrapartidas financeiras necessárias à sua boa implementação. Estas negociações são muito complexas e demoradas, e correm o risco de ficar pelo caminho perante o interlocutor – o Governo actual, minoritário , que não possui a necessária estabilidade e a longevidade asseguradas, e que por isso mesmo deve ser o mais célere possível.

Emanuel de Sousa e Castro, Mirandela

​Muito por contar

Enquanto Israel continua a bombardear Gaza, a União Europeia prepara um pacote de sanções contra o Irão. Para Israel, a UE não tem coragem de impor sanções. Não se compreende como a avalanche de sanções contra a Rússia não impediu o crescimento do PIB do país, enquanto a poderosa economia alemã entrou em recessão técnica. Ou há muito por contar ou os dirigentes políticos da UE são pouco profissionais. No meio disto, a artista plástica israelita Ruth Patir mostrou como se faz, ao não participar na Bienal de Veneza enquanto não houver cessar-fogo em Gaza com a libertação dos reféns. Este simbolismo devia fazer corar de vergonha a UE.

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

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