PR elogia “coragem ilimitada” de Alegre e condecora-o com Grã-Cruz da Ordem de Camões

Manuel Alegre afirmou que nunca esquecerá a condecoração. “É para mim de um especialíssimo significado e, de todas as condecorações que tenho, talvez aquela que mais fundo me toca”, confessou.

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Manuel Alegre foi condecorado na apresentação do livro Memórias minhas DR
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O Presidente da República elogiou esta segunda-feira, 15 de Abril, o poeta e histórico socialista Manuel Alegre, considerando que se distingue pela "coragem ilimitada", e condecorou-o com a Grã-Cruz da Ordem de Camões. Marcelo Rebelo de Sousa anunciou e entregou esta condecoração no fim da sessão de apresentação do livro de Manuel Alegre, Memórias minhas, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

"Correndo o risco de novamente ser heterodoxo já o fui quando o condecorei com a Grã-Cruz de Sant'iago da Espada vou condecorá-lo hoje com a Grã-Cruz da Ordem de Camões", declarou.

Surpreendido, Manuel Alegre agradeceu ao chefe de Estado por este gesto e afirmou que nunca o esquecerá: "É para mim de um especialíssimo significado e, de todas as condecorações que tenho, talvez aquela que mais fundo me toca, dada a minha veneração de Camões, dado o facto de Camões estar sempre presente em mim e estar sempre presente em tudo aquilo que escrevi."

O Presidente da República subiu ao palco depois de terminadas as intervenções da sessão de apresentação do livro Memórias minhas, perante um auditório cheio, onde estavam, entre outros, o antigo chefe de Estado António Ramalho Eanes e o anterior primeiro-ministro António Costa.

"Manuel Alegre foi um resistente. Foi um resistente em ditadura e em democracia, foi e é um militante e será sempre, foi e é um poeta e será sempre. Mas tem uma característica muito peculiar, que não é frequente encontrar na poesia como na política: é a coragem ilimitada", considerou.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, trata-se de "uma coragem não só política, como física, ilimitada", algo que "é raro de encontrar, num domínio como noutro".

"Isso é uma grande característica, porque há quem seja tão inteligente, mas não tão corajoso. Há quem seja muito sensível, mas não tão corajoso. Há quem seja muito militante, mas não tão corajoso. Há quem escreva muito bem, mas não tão corajoso. Isso é o seu traço", acrescentou.

O chefe de Estado referiu que é da autoria de Manuel Alegre o preâmbulo da Constituição da República Portuguesa de 1976, realçou a sua ligação a Camões e apontou-o como "a voz que traduziu um momento épico" contra a ditadura.

"Como imaginarão, eu não sou daqueles mais resistentes na luta contra a ditadura, mas via companheiros ou camaradas estudantis e outros reverem-se na voz de Manuel Alegre apesar de haver líderes que sofreram mais do ponto de vista da tortura, do ponto de vista da perseguição, da prisão, da clandestinidade, dos combates da vida. Outros houve, muitos outros", prosseguiu.

"Não podemos esquecer esse momento", defendeu Marcelo Rebelo de Sousa, anunciando em seguida que iria atribuir-lhe a Grã-Cruz da Ordem de Camões. À saída, o Presidente da República escusou-se a responder a perguntas dos jornalistas. Questionado sobre o Programa de Estabilidade hoje entregue pelo Governo, disse apenas: "Foi divulgado só à tarde, ainda não o vi."

Costa e Eanes também estiveram presentes

Além de Marcelo Rebelo de Sousa, o antigo chefe de Estado Ramalho Eanes e o ex-primeiro-ministro António Costa foram algumas das personalidades presentes na apresentação do livro de memórias do histórico socialista. O livro de Manuel Alegre foi apresentado na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, pelos antigos ministros Jaime Gama e Guilherme d'Oliveira Martins e por Isabel Soares, filha do primeiro líder, fundador do PS e antigo Presidente da República Mário Soares.

António Costa chegou à Fundação Calouste Gulbenkian quase ao mesmo tempo que Marcelo Rebelo de Sousa e o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos. Cumprimentou ambos com um abraço e trocou algumas palavras com o chefe de Estado enquanto ambos se dirigiam ao auditório onde decorre a sessão.

Entre outros assuntos, António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa recordaram um comício promovido pelo PS no Pavilhão dos Desportos, em Lisboa, em 1975, em pleno Processo Revolucionário em Curso (PREC), contra a unicidade sindical em Portugal, no qual se destacou Francisco Salgado Zenha.

Na apresentação do livro de Manuel Alegre, esteve presente o presidente do PS, Carlos César, a antiga presidente da Assembleia Municipal de Lisboa Helena Roseta, a antiga eurodeputada Ana Gomes, a ex-ministra Ana Catarina Mendes e figuras socialistas como Alberto Martins, Strecht Ribeiro, João Cravinho, Alberto Martins, Jorge Lacão e Correia de Campos.

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