Ataque a caravana da UNITA faz um morto e seis feridos

Episódio que envolveu tiros, paus e pedras contra os automóveis onde seguiam três deputados do principal partido da oposição em Angola aconteceu na província do Cuando Cubango, no Sul do país.

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A caravana da UNITA foi interceptada por homens armados a caminho do Cuíto Cuanavale, última etapa das jornadas municipais na província do Cuando Cubango DR
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Uma pessoa morreu e seis ficaram feridas num ataque armado a uma caravana da UNITA, na província angolana do Cuando Cubango, segundo o líder da bancada parlamentar do principal partido da oposição em Angola, Liberty Chiaka.

Como contou à Lusa, o dirigente da UNITA, os carros circulavam no troço Longa-Cuíto Cuanavale pelas 10h30 (mesma hora em Lisboa) quando se depararam com uma barreira de homens armados que dispararam contra os veículos onde seguiam dirigentes do partido do Galo Negro. Além de balas, também foram arremessados paus e pedras.

Três deputados, um assessor e o secretário provincial da UNITA no Cuando Cubango seguiam nos automóveis, não tendo sido revelada a identidade da vítima mortal.

Liberty Chiaka lamentou os "actos de intolerância política" que se têm verificado no Cuando Cubango e sublinhou que a Polícia Nacional, que costuma acompanhar as caravanas dos parlamentares, "não se tenha feito presente".

O dirigente responsabilizou "militantes do MPLA", o partido no poder, pelo ataque e acrescentou que a UNITA já tinha recebido ameaças.

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Um dos feridos do ataque DR

“Há dois dias foram feitas ameaças, deixaram bem claro que na cidade do Cuíto Cuanavale a UNITA só podia entrar, não podia sair”, contou o líder parlamentar. “É o MPLA na província do Cuando Cubango que procura sempre tomar essas posições radicais que colocam em causa a paz e a reconciliação nacional", acusou.

Há uma “estratégia subjacente de inviabilizar as actividades parlamentares”, quando os governadores provinciais se recusam a receber os deputados da UNITA, como foi o caso no Cuando Cubango, disse ainda o líder da bancada parlamentar.

Liberty Chiaka criticou também o facto de, em situações anteriores, nas quais resultaram mortes, feridos e destruição de residências no Cuando Cubango, a polícia nacional e os órgãos de Justiça naquela província não tenham levado os autores morais e materiais dos crimes à Justiça.

“A única coisa que exigimos é que se faça justiça, haja responsabilização, não se pode permitir que situações como essa voltem a acontecer”, sublinhou, lembrando que o país acabou de celebrar 22 anos de paz. “Se há dirigentes, se há quadros do MPLA que não conseguem conviver no ambiente de paz e reconciliação nacional, o melhor é colocá-los nos seus devidos lugares. O lugar de um assassino é na cadeia”, concluiu.

Uma fonte da Polícia Nacional angolana contactada pela Lusa avançou que não há ainda informação concreta sobre o ocorrido, estando nesta altura as autoridades a averiguarem o que se passou e a recolher dados a partir da província do Cuando Cubango, remetendo detalhes para mais tarde. O porta-voz do MPLA, Esteves Hilário, disse à Lusa não ter informações sobre o incidente, prometendo que vai averiguar o que aconteceu.

O Cuíto Cuanavale, último ponto a visitar na agenda das jornadas municipais em que participavam estes dirigentes, foi palco de violentos confrontos durante a guerra civil angolana entre as forças da UNITA, apoiadas pelo exército sul-africano, e o MPLA, com apoio de militares cubanos, entre Agosto de 1987 e Março de 1988.

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