Polícias e militantes da UNITA mortos no fim-de-semana, em Luanda

Partido da oposição fala em estratégia para "provocar" a sua reacção e justificar "mais um banho de sangue".

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Reuters

Luanda viveu um fim-de-semana de violência: cinco pessoas, três polícias e dois dirigentes da UNITA, foram mortas em dois incidentes que o principal partido da oposição em Angola está a relacionar entre si.

Na madrugada de sábado, segundo a agência noticiosa oficial Angop, três agentes da Polícia Nacional foram assassinados, no município de Cacuaco, por “meliantes” não identificados, que fugiram.

O caso ocorreu, segundo a agência, por volta das 3h30 locais (mesma hora que em Portugal Continental), nas imediações de uma esquadra móvel, no bairro do Paraíso. O segundo comandante da polícia de Luanda, Francisco Ribas, disse que o local onde os agentes foram mortos é uma zona crítica em matéria de criminalidade.

A UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola) acusou entretanto a Polícia Nacional de, na mesma noite, pelas 2h30, ter morto dois dirigentes seus no Kikolo, também no município de Cacuaco.

Num comunicado diz que António Zola Kamuku, secretário comunal do Kikolo, e Filipe Sachova Chakussanga, inspector municipal do partido no Cacuaco, foram mortos por elementos das forças de segurança. O primeiro teria sido morto ao abrir a porta da sua casa, o segundo teria sido levado da residência e morto a curta distância.

Um texto colocado no site da UNITA atribui a um militante do partido em Cacuaco a declaração de que se está perante uma “reedição da caça ao homem” para “eliminação selectiva dos militantes” do partido. “As mortes dos homens da UNITA fazem parte da estratégia de provocar a reacção do Galo Negro [símbolo do partido], para haver em Angola mais um banho de sangue, como o de 1992 e 1993”, acrescenta.

Depois de um acordo de paz, 1992 marcou o regresso da guerra civil que só chegaria ao fim em 2002, após a morte do líder histórico da UNITA, Jonas Savimbi.

O partido cita também um “observador atento”, não identificado, ao qual é atribuída a afirmação de que a morte dos polícias poderia “ser usada como pretexto para a eliminação dos quadros fortes da UNITA em Cacuaco, onde o Galo Negro triunfou nas eleições” do ano passado. A nível nacional as eleições foram ganhas pelo MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola), do Presidente José Eduardo dos Santos.

Não são conhecidas reacções da Polícia Nacional nem do partido governamental.

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