Empresa Soft Time vence concurso para Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, em Coimbra

Monumento, que é o principal espaço da bienal Anozero, integra lista do Revive, programa de concessão de património do Estado para fins turísticos. Se processo avançar, vai ser transformado em hotel.

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Mosteiro de Santa Clara-a-Nova recebeu clarissas e foi um quartel. Estava ao abandono até a bienal lhe abrir as portas. Sérgio Azenha
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A empresa Soft Time, que já tinha ganhado o concurso para o Mosteiro do Lorvão, em Penacova, venceu o procedimento público para a transformação do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, em Coimbra, num hotel, informou nesta quarta-feira a Turismo de Portugal.

A empresa "Soft Time é a vencedora do concurso, cuja fase pré-contratual está assim encerrada", afirmou à agência Lusa fonte oficial da Turismo de Portugal, numa resposta escrita.

O concurso foi lançado no âmbito do Revive, programa de requalificação de património para fins turísticos, que visa, no caso do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, transformar uma área edificada de cerca de 13 mil metros quadrados num hotel de cinco estrelas, prevendo, para isso, um contrato de concessão de 50 anos.

O procedimento público contou com duas propostas, mas a empresa que ficou em primeiro lugar desistiu do processo, tendo sido posteriormente contactada a Soft Time.

"A concorrente Soft Time, empresa ordenada em segundo lugar no concurso em causa, foi notificada da sucessão na adjudicação da concessão após a declaração de caducidade da adjudicação inicial", explica a Turismo de Portugal.

Segundo a resposta à Lusa, esta empresa, constituída em 2019 e detida pelo madeirense Sérgio Aleixo, "concluiu o processo de habilitação, estando agora em curso o procedimento de assinatura do contrato de concessão".

A empresa unipessoal Soft Time venceu em 2021 o concurso para a transformação do Mosteiro do Lorvão, em Penacova, num hotel, com a plataforma do Revive a indicar que estava previsto um investimento na ordem dos sete milhões de euros e início de exploração em 2024.

O processo esteve parado cerca de um ano à espera de parecer favorável da Direcção Regional de Cultura do Centro (DRCC), que chegou em 2023.

Segundo o portal do Ministério da Justiça com as publicações de actos societários, a Soft Time, quando foi constituída, tinha como objecto da sua actividade diversas e distintas áreas, como consultoria em segurança e higiene no trabalho, marketing, intermediação na compra e venda de empresas, compra e venda de imóveis, administração de condomínios e importação e exportação de automóveis.

Em 2020, de acordo com o mesmo portal, a empresa passou também a incluir no objecto da sua actividade áreas como a exploração de empreendimentos turísticos, comércio electrónico, venda de reboques e moldes, entre outros.

A agência Lusa tentou contactar o empresário Sérgio Aleixo, mas sem sucesso.

A transformação daquele espaço num hotel tem sido contestada, nomeadamente pelo Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC), uma das entidades organizadoras da bienal de arte contemporânea Anozero, que tem tido naquele monumento o epicentro da sua actividade.

Apesar de o concurso prever a possibilidade de reservar 600 metros quadrados para a bienal, de dois em dois anos, o director do CAPC, Carlos Antunes, sempre foi crítico dessa opção e chegou a admitir que o fim da utilização do mosteiro pela arte contemporânea poderá ditar o próprio fim da Anozero.

Na inauguração da bienal deste ano, o presidente da Câmara de Coimbra, José Manuel Silva, avançou com a possibilidade de o antigo Hospital Pediátrico vir a ser o espaço central da bienal.

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