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Os novos ministros do Governo AD

É sempre com certa expectativa que se aguarda os nomes e os currículos dos putativos ministros sempre que surge um novo Governo. No caso do Governo há dias empossado, foi o primeiro-ministro, Luís Montenegro, que escolheu os ministros para as respectivas pastas ministeriais – tal como sucede com outros primeiros-ministros quando formam Governo. Para a generalidade dos portugueses, os ministros não passam de simples desconhecidos que saltam para a área de governação, mas, para Luís Montenegro, não é assim. Convida-os ou porque são amigos muito próximos ou porque acha que serão pessoas competentes na área da governação com provas dadas nos seus ofícios antes do seu convite. No caso do ministro dos Negócios Estrangeiros, o nome recaiu em Paulo Rangel. Não me parece que possua o perfil indicado – que me eximo de comentar – para esta pasta. Mais: Paulo Rangel, nos primeiros momentos em que se deu a conhecer como o novo ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal na Comunidade Europeia, foi demasiado voluntarioso, já se pôs em bicos de pés em assuntos delicados que requerem uma certa prudência, contenção e discrição. Paulo Rangel não foi uma boa escolha para o lugar que agora ocupa.

António Cândido Miguéis, Vila Real

Novas regras eleitorais

Excelente artigo do prof. Jorge Miranda a lembrar a necessidade de “50 anos depois, melhorar as regras eleitorais”. Se a actual composição da Assembleia da República poderá trazer algumas dificuldades quanto a uma governação, julgo que, pelo contrário, há condições para uma certa revisão da Constituição, que, devido ao tempo, necessita de alguns ajustes. Um deles é, sem dúvida, a lei eleitoral.

Numas eleições que tiveram uma das menores taxas de abstenção de sempre, não é aceitável que mais de um milhão e meio de votos (quase dois milhões, se contarmos os votos brancos) sejam desprezados. Há necessidade de se poder validar o maior número de votos possível. Também aqui está muito correcto fazer a diferença entre votos em branco, os nulos e a abstenção. Apenas não concordo com os agrupamentos propostos. Em vez de fazer junções de norte para sul do país, faria na horizontal, ou seja, de leste para oeste.

Teríamos as seguintes “zonas “ eleitorais: Zona Norte, que incluía todo o país a norte do rio Douro; Zona Centro, entre Douro e Tejo; Zona Sul, todo o país a sul do Tejo. Haveria ainda outras duas que seriam a das regiões autónomas e finalmente a que representasse toda a diáspora. O número de deputados a eleger seria proporcional ao número de eleitores de cada um destes espaços. Acredito que esta situação não seria a que mais beneficiaria os grandes partidos, que eram dois e agora são três mais pequenos, mas o país estaria muito mais bem apresentado na casa da democracia e a política e os políticos ganhariam maior credibilidade

António Barbosa, Porto

Luís Montenegro, nove milhões não votaram em si!

Uma das primeiras reacções ao choque provocado pelos resultados eleitorais foi, argumento superficialmente fraco, tornar claro ao Chega que não sei quantos milhões de pessoas não tinham votado neles.

A forma preocupante (arrogante, com patéticas colagens ao passado) como o novo primeiro-ministro (e a nova "maioria") entrou em funções já foi bem escalpelizada nas páginas do PÚBLICO, nomeadamente por Manuel Carvalho e São José Almeida.

Mas, recuperando o argumento inicial, talvez seja bom lembrar ao novo primeiro-ministro que quase nove milhões de eleitores inscritos não deram o seu voto à coligação que liderou. E que o tom que escolheu para começar poderá agradar apenas àqueles que nele votaram; os restantes, por muito que respeitem os resultados eleitorais, não estão a gostar.

Luís Montenegro, nove milhões não votaram em si! Mais humildade, por favor!

João Silva, Lisboa

O tempo é de governar

Ainda o Governo não tinha tomado posse, já se ouviam diversas vozes vaticinando a sua próxima morte, conjecturando as possíveis alianças e elaborando sobre a viabilidade de futuros orçamentos. A comunicação social, com os seus múltiplos comentadores, tem tido assunto para longos períodos de emissão, como se mais nada tivesse importância no país.

A maioria parlamentar é exígua, mas… é o que é! O país tem graves problemas e fracos recursos, mas… é o que é! A situação política internacional é preocupante e instável… mas é o que é!

E o que vamos fazer com tudo isto? Não será altura de deixar o Governo governar? Não será justo deixar que trabalhem e possam concretizar o que prometeram? Não seria melhor a comunicação social convidar quem conhece as diversas áreas para análises construtivas em vez de promover a discussão estéril e picardias entre os actores políticos?

O tempo é de deixar construir e governar com serenidade e honestidade e só depois se avaliar, criticar e julgar.

Isabel Ribeiro, Lisboa

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