Acervo com 66 canções inéditas de Marvin Gaye revelado na Bélgica

Gravações do cantor e compositor falecido há precisamente 40 anos estão na posse da família de Charles Dumolin, músico belga com quem o norte-americano viveu durante um breve período, em 1981.

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Marvin Gaye em Amesterdão, 1978 Gijsbert Hanekroot/Redferns/getty images

Segundo a BBC, existe na Bélgica um arquivo contendo 66 demos inéditas de Marvin Gaye. Gravadas numa série de cassetes, as canções estarão na posse da família de Charles Dumolin, músico falecido em 2019 com quem Gaye viveu em solo belga durante um breve período, em 1981. Os herdeiros de Dumolin possuirão também, além destas gravações, uma colecção de fatos usados por Marvin Gaye em palco e cadernos pessoais daquele símbolo da soul.

A BBC afirma não existirem dúvidas quanto à “autenticidade” deste arquivo, que foi revelado à emissora britânica pelo advogado belga Alex Trappeniers, identificado pela BBC como sendo “parceiro de negócios” da família de Charles Dumolin — que sente ser a justa proprietária deste material. Trappeniers escutou as 30 cassetes da colecção e atribuiu um número a cada tema. “No final, tinha 66 demos de canções inéditas. Algumas delas estão completas e algumas delas são tão boas como Sexual healing, porque foram feitas na mesma altura.” Sexual healing, música pertencente ao último álbum de Marvin Gaye, Midnight Love (1982), foi escrita já com o célebre cantor e compositor a residir em Ostend, na Bélgica, onde procurou combater a sua dependência de cocaína.

Alex Trappeniers defende que a família de Dumolin tem o direito a ficar com estas gravações, bem como com os restantes itens do arquivo. “O Marvin deu-lhes este acervo e disse: ‘Façam o que quiserem com ele.’ Isso é importante”, alega. Mas os herdeiros de Gaye poderão querer lutar judicialmente por esta colecção. A BBC contactou-os e sabe que, agora, os advogados de dois dos três filhos do músico estão a par da existência destes materiais. É possível que no futuro haja negociações, “mas elas ainda não começaram”, reporta a emissora britânica.

O acervo inclui, além dos cadernos pessoais de Marvin Gaye, outros documentos escritos como “cartas raivosas” dirigidas à sua editora e alinhamentos de concertos. No que toca à música, Alex Trappeniers aplaude enfaticamente um tema específico, que, na sua opinião, tem potencial para ser um sucesso póstumo de Gaye, caso algum dia seja lançado. Para o advogado, bastou escutar dez segundos dessa gravação para, como num momento de “alinhamento dos astros”, ter “a música e as letras na cabeça o dia inteiro”.

Voz de temas clássicos como Ain’t no mountain high enough, I heard it through the grapevine ou How sweet it is (to be loved by you), Marvin Gaye é um dos grandes ícones musicais do século XX. What’s Going On, de 1971, é muitas vezes referido como um dos melhores discos de sempre. Gaye é, desde há décadas, uma referência e inspiração no panorama da soul e do R&B. Morreu há precisamente 40 anos, a 1 de Abril de 1984: foi baleado pelo seu próprio pai, a um dia de celebrar o seu 45.º aniversário.

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