Cartas ao director

As três votações falhadas para eleger o presidente da Assembleia da República dominam as cartas dos leitores deste dia.

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A ponta do icebergue

O país ficou a saber através da senhora provedora da Justiça que entre 2021 e 2023, e só no Algarve, se registaram 491 juntas médicas que não se realizaram "por falecimento do requerente", indo mais longe ao denunciar que, no país, o número de pessoas que morrem à espera de junta médica é bem mais significativo. Milhares, dizem as notícias.

Isto são números que deviam envergonhar um Governo que se gaba de ter apresentado um excedente de €3,19 mil milhões, o equivalente a 1,2% do PIB.

Estes números de óbitos são a ponta do icebergue do estado a que chegou o SNS e os restantes sectores governamentais e que é desnecessário mencionar. Pior ainda, estes resultados foram conseguidos com um único objectivo: nos dois últimos anos de legislatura, fazerem uns brilharetes pré-eleitorais. Melhor dizendo, um objectivo macabro.

Jorge Morais ​

Filme de terror

Começou o filme de terror para a AD. O Chega não é um partido, é uma organização configurada num modo de ver a vida, o ser humano e o mundo. O Chega é a ilusão dos desiludidos, nunca terá critérios confiáveis e estará no Parlamento como a balbúrdia numa feira.

Ficam abertas as portas do exílio para a gente da minha geração, que acreditou que a liberdade era mais do que poder ir ao cinema ou ficar em casa, que as eleições não eram, como no seu tempo, um ritual sem significado e lutaram por uma democracia que não se reduzisse a um jogo de poder num teatro de ilusões.

O exílio não ocorre apenas quando se é forçado a deixar a pátria, que também significa terra e mãe, mas quando a política (a seiva da nossa vida colectiva) se tornou uma rua escura vedada a gente de bem! Esperamos só que não aconteça o que aconteceu com o fim da Primeira República!

João Magalhães, Marco de Canaveses

A globalização

A globalização não é uma panaceia que cure todos os males dos povos, pois nem todos estão igualmente no mesmo tempo vivencial.

Uns vivem num tempo mais avançado do que outros, apesar de não sabermos quais deles estão certos, em função do deplorável estado ambiental em que se encontra a nossa casa comum.

A evolução tecnológica em certas nações tem sido elevadíssima (tanto para o bem, como para o mal), contudo, os lixos tóxicos proliferam exponencialmente em relação ao bem-estar criado pelo homem, sem que se encontre desiderato capaz de se lhes pôr cobro.

O planeta, a continuar a ser assim tão maltratado, tanto por causas naturais quanto pelo homem, não aguentará por muito mais tempo.

Temos radicalmente de arrumar a casa, antes de lhe cavarmos a sua própria sepultura, que também será a nossa.

José Amaral, Vila Nova de Gaia

Legislatura que promete

A primeira sessão plenária da XVI legislatura deu um cheirinho do que vai ser o futuro. José Pedro Aguiar-Branco não foi eleito presidente da Assembleia da República. Os 89 votos recebidos pelo “laranjinha” não foram suficientes, 134 deputados eleitos pelos portugueses votaram em branco e sete votaram nulo.

Quando tanto se apela aos portugueses para que votem, 134 dos eleitos votaram em branco.

Bonito exemplo de participação. Os necessários 116 votos para a maioria absoluta ficaram para a próxima. A legislatura promete.

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

Ontem, Portugal perdeu

Ontem, tomou posse a nova AR e o triste espectáculo começou. Triste, como quem diz, ele até é divertido para quem tem falta de entretenimento e de sentido de responsabilidade. A saber, a direita estava de acordo na composição da mesa da Assembleia da República e já haveria também acordo para Governo entre AD e IL. Na hora em que o apito final dita a derrota da equipa das quinas por 2-0, duas são também as facadas já conhecidas na política nacional. Nem a mesa está composta, e ainda sem presidente, nem a AD e a IL chegaram a acordo final para governar Portugal em conjunto.

Ao que parece, a IL não estaria interessada em lugares mas sim em medidas. Neste momento, não são conhecidos detalhes, nem que medidas ou lugares foram para a mesa de negociações, mas sabemos que a IL dá um claro sinal de que o programa é mais importante que o resto... E bem, diga-se. Até porque, horas mais tarde, confirmou-se o chão pantanoso que se pisará nos próximos tempos.

Feitas as contas, o PSD ficou a falar sozinho enquanto o CDS celebra a colocação da placa na parede pela mão de Nuno Melo.

Pedro Perdigão, Lousada

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