Cartas ao director

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Votos ou deputados

Deve formar governo o líder do partido mais votado ou o que tiver maior número de deputados? É que sendo Portugal uma democracia parlamentar, o método de D'Hondt permite que a conversão de votos em mandatos adultere os resultados. No distrito da Guarda, a AD recebeu 29.033 votos elegendo um deputado, enquanto o Chega só precisou de 15.821 votos para eleger o mesmo número. Para quando a revisão da lei eleitoral alterando o método de conversão? Para quando o círculo de compensação? A votação dos emigrantes no círculo da Europa e do resto do mundo aumentou. Continua o vendaval do Chega?

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

A precipitação tomou conta do país ​

Não há ainda resultados definitivos das eleições legislativas convocadas, ainda que, sem razão para tal, por Marcelo Rebelo de Sousa, mas todos, incluindo o Presidente da República, dão como certa a vitória da AD, menosprezando assim os votos dos emigrantes que ainda estão a ser contados. Gostava de ver a forma como actuariam o Presidente da República, Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos se, por uma qualquer ironia do destino, o PS tivesse mais deputados ou mais votos do que a AD. Adoraria ver as justificações para as atitudes tomadas antes de tempo, ou seja, precipitadamente por todos eles. Seria, sem qualquer dúvida, uma grande lição para todos em termos futuros. Adorava, sem dúvida, que algo parecido acontecesse para "memória futura".

Manuel Morato Gomes, Senhora da Hora

Marcelo, um Presidente de facção

"Serei o Presidente de todos os portugueses", disse o Presidente da República após ter vencido as duas eleições. Nunca foi nem é. Durante o primeiro mandato, pareceu um malabarista/contorcionista dando uma no cravo e outra na ferradura, já que o Governo do PS, apesar de contrário à sua cor política, estava a "roubar" o programa político do seu, PSD. Esperou sempre uma oportunidade para entregar o poder à direita. Fê-lo com competência e até se substituiu à sua facção como oposição, muitas vezes.

Teve dois pesos e duas medidas para o mesmo problema. Cá dissolveu a Assembleia da República, em nome do "Povo é quem mais ordena" (na prática não manda nada!), dizendo que era para "clarificar" e para "estabilizar"... a estabilização é para os seus correligionários e para os interesses económicos que representam. Na Madeira, perante uma situação idêntica, porque o presidente do governo regional da Madeira é PSD, fez vista grossa. Na ânsia de colocar o seu PSD no poder, abriu portas à extrema-direita, ficando ligado ao avanço do Chega. A História não o absolverá!

Vítor Colaço Santos, São João das Lampas

Tordos em Gaza

“Ser um birdwatcher é muito diferente de ser um fotógrafo da natureza (…); para os primeiros, um avistamento em que seja possível identificar as características que permitem reconhecer a espécie é satisfatório. Mesmo que seja apenas no visor do telescópio (…).” (Birdwatching, Fugas, 16/03/24) “Tentámos repetidamente mais ajuda e apelámos repetidamente a que fossem retirados os obstáculos de acesso. Em vez disso a situação das crianças piora a cada dia que passa. E os nossos esforços são prejudicados por restrições desnecessárias, que estão a custar a vida às crianças.” (Ajuda chega pela primeira vez a Gaza por mar, PÚBLICO, 17/03/24)

Deste lado da nossa “lente” que é o jornal PÚBLICO, somos como birdwatchers. Vemos e procuramos perceber o que se passa lá longe, sem qualquer intervenção nas vidas de quem observamos. A diferença é que um birdwatcher pode intervir mas não quer, nós queremos mas não podemos. Entretanto, em Gaza, crianças morrem como tordos.

Tomás Magalhães Carneiro, Porto

Torre de Belém

Até há pouco tempo, quem descesse a Av. da Torre de Belém (ATB) ou a atravessasse ficava deslumbrado pela grandeza do espaço e do monumento que nenhum obstáculo interrompia. Aliás, a avenida foi traçada de forma a obter-se esse efeito visual. O próprio arranjo paisagístico é desprovido de árvores, nesse alinhamento, para não prejudicar a sua ampla visão.

Surpreendentemente, deparei-me agora com a existência, na via-férrea, de dois novos postes de suspensão da catenária, exactamente no alinhamento da ATB, constituindo um brutal obstáculo à visão de conjunto. Os dois novos postes devem-se a uma obra de renovação, a decorrer, não estando ainda funcionais, pelo que uma alteração será possível. Estranha-se que o projectista desconheça a existência de um monumento cuja vista deve ser preservada. Os novos postes não podem ser colocados no local dos anteriores, tendo de manter certa distância, mas sendo sensato um ajustamento que não colida com a vista da própria Torre.

Alberto Miranda Raposo, Lisboa

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