Activistas da Climáximo constroem horta urbana no campo de golfe de Oeiras

Os activistas da Climáximo protestam o consumo “desajustado” de recursos energéticos e água utilizados na manutenção de campos de golfe.

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Os activistas apontam que as elites que têm estas práticas de lazer comportam "emissões de gases com efeito de estufa de intensidade abismal". Climáximo
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Um grupo de seis activistas do movimento Climáximo montou nesta quarta-feira uma horta urbana no campo de golfe de Oeiras, em Lisboa, como forma de exigir o fim da crise climática e "travar consumos criminosos e desajustados por parte dos super-ricos". "Em tempos de seca, a manutenção do golfe é criminoso", diz o Climáximo em comunicado.

De acordo com o movimento, os seis jovens activistas entraram no campo de golfe de Oeiras, por volta das 12h, com enxadas e dezenas de legumes e árvores para "inaugurar uma horta urbana agro-florestal para produção alimentar".

A iniciativa, reforça o colectivo, serve para "travar o crime de se continuar a usar recursos energéticos e água para a manutenção de campos de golfe quando em plena crise climática e de protestos de agricultores por falta de água".

Plantando uma variedade de espécies hortícolas e árvores autóctones, os jovens tentaram mostrar como as pessoas podem "construir um mundo em função dos interesses e necessidades reais, travar consumos criminosos e desajustados por parte dos super-ricos, e dar novos propósitos a locais que actualmente são de acesso restrito para as elites que mais culpadas são pela crise climática".

O Climáximo lembra que "o aumento dos preços dos alimentos devido aos impactos da crise climática através da seca faz-se sentir de forma clara e compromete o acesso das pessoas a bens alimentares essenciais".

"Estamos no décimo mês seguido mais quente de sempre, enfrentamos seca de terrenos agrícolas e florestais e o esvaziamento de barragens, rios e charcos, deixando em aflição centenas de agricultores por todo o país, com protestos há menos de uma semana no Algarve", salientou a porta-voz do grupo Leonor Canadas, citada no comunicado.

Para Leonor Canadas, as "elites do capitalismo" seguem as suas vidas normais, contribuindo "de forma desproporcional para o agravamento da seca que se faz sentir".

"As elites que usufruem deste tipo de lazer são as mesmas que apresentam níveis e padrões de consumo que comportam emissões de gases com efeito de estufa de intensidade abismal, comparadas com a grande maioria da população — os 10% mais ricos produzem metade das emissões de CO2, a nível global e também dentro dum país", lamentou.

"Numa situação de emergência como a que vivemos, não pode haver dúvidas sobre que consumos priorizar: consumos de luxo e consumos sem utilidade social e com um grande impacto a nível de emissões, gasto de água doce e destruição de ecossistemas têm de acabar imediatamente", acrescentou.

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Os activistas afirmam que as pessoas podem dar "novos propósitos a locais que actualmente são de acesso restrito para as elites que mais culpadas são pela crise climática" Climáximo

Contactado pela agência Lusa, o Comando Metropolitano de Lisboa da PSP indicou que os activistas colocaram-se em fuga após a acção no campo de golfe, não tendo havido detenções.

O Climáximo recordou o ataque com tinta vermelha ao hotel de Lisboa utilizado pela Aliança Democrática (AD) para acompanhar a noite eleitoral, afirmando que "tanto o Governo actual como o próximo têm planos para garantir o colapso climático". "O colectivo chama todas as pessoas para não consentirem com a guerra actual contra as vidas e entrarem em resistência climática", sublinhou.

Esta é a segunda acção climática desta quarta-feira, após os estudantes da Greve Climática Estudantil terem subido ao telhado do Banco de Portugal, em Lisboa. No telhado, os estudantes estenderam uma faixa com uma frase de protesto que exige o fim dos combustíveis fósseis até 2030, segundo a organização. Três activistas foram detidos, confirmou fonte do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP à Lusa.

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