Cartas ao director

As cartas dos leitores deste dia estão muito centradas nos resultados eleitorais, mas há ainda quem se refira ao Papa Francisco.

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O voto de protesto

Conheço votantes do Chega que não perfilham a ideologia de extrema-direita. Considerar que todos os votantes do Chega são desprezíveis foi um erro monumental. O seu voto foi de protesto pela alta do custo de vida, pela falta de soluções habitacionais e pela multiplicativa corrupção. ”Vamos limpar Portugal”, um dos slogans do Chega, caiu como uma luva numa imensa faixa de descontentes. A cerca sanitária não resultou. No entanto, o método de conversão de votos em mandatos devia ser revisto. Os votos dispersos são penalizados ao invés da concentração de votos. Como diz o povo: não se deve deitar foguetes antes da festa. Serão os círculos eleitorais da Europa e do resto do mundo a ditar o vencedor? Viva Portugal.

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

O cordão sanitário

As eleições legislativas de 2024 foram um autêntico tsunami para os partidos da esquerda à esquerda do PS. Varridos e humilhados por um ciclone de votos do Chega, quase o quádruplo da soma deles todos juntos, foram reduzidos à insignificância parlamentar. Mais de um milhão de cidadãos portugueses puseram a cruz no boletim de voto em total liberdade democrática neste partido, sim... mais de um milhão de mulheres e homens espalhados por Portugal responderam afirmativa e conscientemente às propostas de André Ventura, um dirigente carismático e corajoso que, apesar de insultado e ostracizado pela esmagadora maioria de comentadores, jornalistas, políticos e articulistas nos jornais, revistas, semanários e televisões, conseguiu o troféu de vitória nessa noite. O repetido chavão da "cerca sanitária" atribuído até à exaustão para denegrir e isolar o Chega é um insulto nada consentâneo com as regras democráticas duma sociedade livre. Insultar o povo português é ainda pior!

José Alberto Mesquita, Lisboa

As inadmissíveis palavras do Papa Francisco

O Papa Francisco, líder do mundo cristão, sugeriu ou aconselhou a Ucrâniaa ter coragem para levantar a bandeira branca”. É verdadeiramente inadmissível que o Papa Francisco tenha ousado dizer isto. O que devia era apelar à concórdia e ao diálogo, não se esquecendo, sempre, de condenar a Rússia por ter invadido um país soberano e independente.

Com esta atitude, o Papa coloca-se ao lado dos poderosos, dos déspotas, dos assassinos. Não se coloca ao lado do povo sofredor e martirizado que é o povo ucraniano. Deste modo, a Rússia sai impune desta barbárie que provocou ao invadir a Ucrânia. Putin deve estar satisfeito com as palavras do Papa Francisco. Não é para admirar esta posição da Igreja Católica e Apostólica Romana, visto que, na II Guerra Mundial, o Vaticano exibiu a sua duplicidade, foi omisso e tergiversou perante Hitler, outro déspota assassino.

O Papa Francisco não está do lado dos humilhados, dos ofendidos, dos assassinados. Está do lado dos poderosos assassinos. Está do lado de Putin. Dizia F. Nietzsche que “o verme retrai-se quando é pisado”. É o que o Papa Francisco sugere à Ucrânia perante a ameaça russa.

António Cândido Miguéis, Vila Real

Direita e extrema-direita ganharam

Não há quaisquer dúvidas de que os portugueses votaram livremente e apostaram na direita e na extrema-direita. Assim, o próximo governo terá como primeiro-ministro Luís Montenegro e fará alinhamento com o Chega. Está votado, está feito. Continuaremos com a segurança que a democracia nos aporta dado que, pelo menos no próximo ano e meio, se manterá firme com o senhor Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em Belém.

Por certo, o ex-primeiro-ministro António Costa ficará livre de tudo para se poder candidatar a qualquer lugar na Europa, que por certo conduzirá melhor do que tem vindo a ser feito nestes anos mais recentes.

Como seria expectável, o país ficou frontalmente virado às direitas. Mas nestes anos próximos o novo governo terá toda a conveniência em bem aproveitar o dinheiro que foi deixado nos cofres do Estado pelo anterior, mesmo que passe o tempo, constantemente, a dizer que eram péssimos e fizeram tudo mal.

E, evidentemente, continuar na UE se esta não implodir. Os ministros da parte do PPD e CDS serão reciclagens do que já foram e, dada a dimensão de votos na extrema-direita, haverá algum, ou mais, do Chega. Esperemos que seja possível continuarmos a ler, a escrever, a estar, a viver em liberdade. E por certo haverá um total retrocesso no que nos habituámos a chamar "temas fracturantes". Mas que outras áreas não sejam demasiado subestimadas. E ganhou quem escolheu esta nova maioria. Ou não.

Augusto Küttner de Magalhães, Porto

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