Clássico com pressão do lado do FC Porto e imprevisibilidade do Benfica

A nove pontos da liderança, os “dragões” podem hipotecar as possibilidades de chegarem ao título se não vencerem as “águias” na 24.ª jornada da I Liga.

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Galeno e António Silva no jogo da primeira volta entre Benfica e FC Porto EPA/ESTELA SILVA
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Após um mês de Fevereiro desastroso – sete pontos perdidos em quatro jornadas -, o FC Porto vai entrar na noite deste domingo, no Estádio do Dragão (20h30, SPTV1), preso por arames e sem rede para amparar nova queda. Numa luta pelo título onde o Sporting até pode estar em vantagem caso vença a partida que tem em atraso, o clássico da 24.ª jornada da I Liga tem a pressão quase toda do lado dos “dragões”, que vão entrar em campo a nove pontos das “águias”. Porém, do lado do Benfica, há mais dúvidas do que certezas, que ficaram acentuadas pela exibição a meio da semana em Alvalade, onde as opções tácticas de Roger Schmidt resultaram num desempenho medíocre durante dois terços da partida.

O saldo em 2023/24 é de 2-0 favorável ao Benfica – vitórias na Supertaça e na jornada 7 – e a liderança no campeonato, embora com mais um jogo do que o Sporting, podia dar algum conforto ao actual campeão nacional, mas a imprevisibilidade táctica que tem marcado a temporada de Schmidt – o oposto da última época -, torna o clássico do Dragão difícil de prever.

Do lado do FC Porto, tentar adivinhar as escolhas que Sérgio Conceição fará para um jogo decisivo não é uma tarefa complicada. Com menos soluções no plantel do que o técnico rival, o treinador “azul e branco” deverá manter a fórmula que tem apostado em 2024, desde que Taremi deixou de estar disponível para competir na Taça da Ásia: um 4x3x3, com Pepê, Francisco Conceição, Galeno e Evanilson a serem as suas armas ofensivas.

Esta previsibilidade pode ter estado na origem do desconforto com a estrutura do FC Porto que Conceição mostrou na véspera do clássico. Na antevisão da recepção ao líder do campeonato, o técnico corrigiu a informação que constava do boletim clínico da equipa, revelado poucas horas antes, e onde não constavam Galeno e Evanilson. Visivelmente desagradado, o treinador procurou deixar a dúvida sobre se os dois avançados vão estar aptos: “Não foi um problema meu, mas sim de quem comunicou aos jornalistas que ambos não estavam no boletim clínico. Tive a oportunidade de chamar as pessoas responsáveis por isso e disse-lhes que algo não está bem, porque o Galeno saiu com queixas num joelho e alguma inflamação e está em avaliação. Tirei o Evanilson por precaução, já que ele sentiu uma pequena dor num momento da segunda parte.”

Dúvidas clínicas à parte, Sérgio Conceição procurou retirar algum peso sobre a importância do duelo com o Benfica, salientando que “todos os encontros são importantes” e “não há jogos de tudo ou nada”. “Não é com a diferença pontual [em mente] que vamos preparar o próximo duelo, mas olhando para o adversário para disputar o jogo da melhor forma. Será necessário um FC Porto no seu melhor, forte, muito competente e a perceber aquilo que tem de fazer. Não vamos pensar em mais nada, porque não vale a pena. Se começarmos a olhar para trás e para a frente, poderemos tombar. Há que olhar para quem está à frente e ir à procura destes três pontos importantes.”

Olhando para o adversário, o técnico portista advertiu que “o Benfica vale um pouco pelo seu todo” e “não é ter uma ou outra individualidade que resolve as coisas”, analisando ainda a última aposta táctica dos “encarnados”: “O Rafa não deixa de ser móvel jogando como ponta de lança. A partir desse lugar, vem para espaços que ocupa quando joga a segundo avançado ou como ala. Temos de estar preparados para diferentes situações e para quem joga, pois o modelo não tem mudado muito. Falamos de um 4-4-2. Se as peças mudarem, tudo se pode alterar.”

E a possibilidade de mudar essas peças está nas mãos de Schmidt. De forma surpreendente, o alemão optou nas duas últimas partidas por um “onze” sem Tengstedt, Arthur Cabral ou Marcos Leonardo e, a meio da semana, o que se viu no Estádio de Alvalade, frente ao Sporting, foi um Benfica inofensivo ofensivamente até à entrada de Tengstedt, aos 61 minutos.

Para o treinador dos “encarnados”, esse, no entanto, não parece ser um problema, uma vez que Roger Schmidt diz ter visto no derby lisboeta uma equipa do Benfica com “muita qualidade e mentalidade”: “Estando a perder 2-0, ser capaz de regressar ao jogo e marcar golos mostra que esta equipa acredita sempre em si mesma, sobretudo nos momentos mais complicados”.

A questão de jogar sem um ponta de lança foi, também, desvalorizada pelo técnico germânico, que diz que a sua “tarefa não é dar minutos a jogadores apenas porque fizeram golos”.

“Não temos problemas em marcar golos. Todos os avançados podem marcar e não tenho dúvidas disso, mas, para mim, não é decisivo e os jogadores têm de o aceitar. Depende deles mostrar que têm o pacote completo: tacticamente, envolvidos na pressão e também nas transições defensivas e ofensivas. Para jogar no Benfica, não é suficiente marcar golos”, concluiu.

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