Capoue não quer saber de futebol e é feliz assim

O francês, pouco interessado no futebol, poderia ter sido melhor? Talvez. Mas por que motivo teria de ser? Diz ter uma boa vida, ser bem pago e poder focar-se em ir para casa ver filmes com os filhos.

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Capoue (mais à esquerda) celebra pelo Villarreal Reuters/KAI PFAFFENBACH
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A sociedade tem uma visão idílica de vida perfeita dos futebolistas, porque não só fazem o que gostam como são bem pagos para o fazer. Mas há excepções. Em Portugal, ficou famoso o caso de Simon Vukcevic, ex-jogador do Sporting que dizia ser mais fã de boxe e só foi parar ao futebol porque o pai o obrigou. Mas não é o único.

Neste domingo, no triunfo (5-1) do Villarreal frente ao Granada, houve golo de um rapaz chamado Étienne Capoue. O médio francês, de 35 anos, está na ponta final de uma carreira curiosa – mas feliz.

Quando apareceu no Toulouse, pensou-se que iria ser um médio de alto nível. E se considerarmos vários anos de Premier League como “alto nível”, então ele cumpriu. Mas pareceu ficar qualquer coisa por fazer.

Com predicados técnicos bem acima da média e um perfil físico imponente, prometeu mais do que conseguiu, com uma passagem pouco impressionante pelo Tottenham, vários anos de Watford e, depois, mais uns quantos de Villarreal. É mau? Não é. Mas podia ser melhor.

O preguiçoso caribenho

Parte do motivo para não ter confirmado o epíteto de “novo Zidane” é explicada pelo tal parco gosto por futebol. “Não via futebol quando criança e não o faço agora, nem um jogo por ano. Não sei contra que jogadores jogo até os treinadores me dizerem. Não quero que toda a minha vida seja futebol. Não gosto de ver, não sei dizer porquê”, assumiu ao The Athletic. E diz que conhece Busquets, mas que não conhece muitos mais jogadores da sua posição.

Tal como Vukcevic, Capoue tem outra paixão: o basquetebol. São os Chicago Bulls e Lebron James que o movem quando quer ligar a televisão para ver desporto ou quando quer fazer uma viagem a Miami para ver os antigos Heat de James e Wade.

O jogador francês diz até que não tem amigos no futebol e que quando está lesionado não fica demasiado triste, porque pode estar em casa com os filhos. E quando é expulso diz, com uma despreocupação altruísta, que fica tranquilo, porque é uma oportunidade para outro jogador.

Soa a bizarria que um jogador profissional não goste de ver futebol, que não se importe com o futebol e que não conheça sequer colegas de profissão, pelo menos os mais renomados? Talvez.

Mas acima disso, Capoue nunca foi um jogador comprometido e intenso. “Talvez a minha atitude venha do meu pai, que é caribenho. Lá, somos pessoas muito preguiçosas, muito calmas e a apreciar a vida”, explicou ao Daily Star.

Se juntarmos falta de gosto por futebol e um perfil pessoal já de si pouco trabalhador temos um cocktail habitualmente perfeito para um futebolista falhar.

Capoue falhou? Seria injusto dizer que sim. Mas poderia ter sido algo mais – ou talvez não. Por que motivo teria de ser algo mais? Como o próprio diz, tem uma boa vida, já que joga futebol, é bem pago para isso e pode chegar a casa e ver filmes com os filhos. Nem todos têm de ser Zidanes.

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