Padre Frederico, fugido à justiça há 26 anos, foi demitido do sacerdócio pelo Papa Francisco

Decisão do Papa Francisco de demitir o antigo padre do estado clerical foi comunicada no passado dia 16 de Fevereiro.

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Carlos Lopes/Arquivo
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RUI MAROTE
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HOMEM DE ALMEIDA\LUSA
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Passaram-se 31 anos desde que o padre Frederico Cunha foi condenado pelo homicídio de um rapaz de 15 anos, na Madeira, e 26, desde que fugiu para o Brasil, aproveitando uma saída precária para visitar a mãe, em Lisboa. Contudo, a Igreja Católica nunca abrira um processo canónico relacionado com estes factos e só neste mês é que Frederico Cunha deixou de ser padre, por ordem do Papa Francisco.

A notícia foi avançada pelo Diário de Notícias da Madeira, citando um comunicado divulgado nesta quinta-feira na página da Diocese do Funchal. Segundo este documento, foi em Abril do ano passado que a diocese pediu ao Prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé “instruções sobre o modo de proceder” no caso do padre, já que, acrescenta-se, “apesar de há muitos anos o seu nome não constar do elenco dos sacerdotes da diocese nem exercer nela qualquer ministério, de facto nunca tinha existido qualquer processo canónico a propósito dos actos de que era acusado”.

O dicastério pediu informações adicionais, que lhe foram enviadas em Setembro do ano passado, e o Papa Francisco foi bem mais célere a decidir a demissão do estado clerical do ainda padre Frederico Cunha do que a Igreja portuguesa a perceber que tinha em mãos um caso que precisava de ser resolvido. “No passado dia 16 de Fevereiro, chegou à diocese do Funchal a informação de que, levado o caso ao conhecimento do Santo Padre, o Papa Francisco tinha decretado a demissão do estado clerical do senhor Frederico Matos da Cunha, e o tinha dispensado das obrigações do celibato”.

O comunicado refere ainda que foi o próprio Dicastério para a Doutrina da Fé que ordenou que se tornasse pública a decisão do Papa Francisco na página da diocese, “uma vez que o paradeiro do senhor Frederico Cunha é desconhecido”.

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O padre durante o julgamento em que seria condenado a 13 anos de prisão Carlos Lopes/Arquivo

O padre foi condenado a 13 anos de prisão pela morte do jovem Luís Miguel Correia, de 15 anos, a quem teria dado boleia na estrada do Caniçal, a 1 de Maio de 1992. O corpo do jovem foi encontrado na falésia, com vários traumatismos que não poderiam ter resultado de uma queda. Frederico Cunha admitiu ter estado no Caniçal, mas não a autoria do crime. Nas buscas à sua casa foram descobertas diversas imagens de menores de carácter pornográfico.

Detido a 25 de Maio daquele ano, o padre seria julgado em Março do ano seguinte e encarcerado, após condenação, na prisão de Vale dos Judeus, em Alcoentre, mas em 1998, quando tinha cumprido apenas cinco dos 13 anos a que fora condenado, foi autorizado a sair da prisão durante uma semana, para visitar a mãe, e os dois fugiram de carro para Espanha e daí para o Brasil, onde se acredita que o antigo padre residirá ainda.

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